O presidente Luiz Inácio Lula da Silva indicou hoje que não responderá, na campanha pela reeleição, por escândalos e deslizes cometidos em áreas de seu governo controladas por outros partidos que não o PT.

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A posição foi consumada em seu acordo com o PMDB, fechado na quarta-feira. Até então, os peemedebistas reivindicavam a adoção de uma política de "porteira fechada", ou seja, o seu amplo domínio e direito de nomeações nas áreas diretas e nas autarquias dos ministérios que receberam. Em contrapartida, Lula deixou claro que o PMDB terá de assumir integralmente a responsabilidade pelo que ocorreu e vier a acontecer na sua órbita de atuação no governo.

Na quinta-feira, Lula nomeou indicados do PMDB para a presidência e três diretorias dos Correios e prometeu ao partido a presidência da Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel). "É mais que justo que o partido que tenha um ministro no governo seja o responsável por todo o Ministério", afirmou Lula, ao final do almoço que ofereceu hoje ao presidente de Gana, John Agyekum Kufuor. "O Hélio Costa é o ministro das Comunicações e é do PMDB. Se tiver qualquer problema, o ministro será o responsável. O mesmo vale para a Saúde", completou, para em seguida dizer que a mesma receita poderá ser mantida em um eventual segundo mandato.

No caso da Saúde, o PMDB pressiona o Palácio do Planalto para assentar na cadeira de ministro o atual presidente da Fundação Nacional de Saúde (Funasa), Paulo Lustosa, em lugar de José Agenor. O presidente afirmou que parecia "estranho" não haver anteriormente esse tipo de responsabilização.

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Em uma reunião marcada hoje com líderes e presidentes de diretórios do PMDB, em Brasília, o presidente Lula deverá concretizar a sua "aliança informal" com o partido para as eleições de outubro. Ele lembrou que o PMDB compõe a base de sustentação do governo e apoiou sua gestão o tempo todo. Além disso, trata-se de uma força política que não poderia dispensar. Lula, entretanto, deixou claro que caberá ao PT conduzir sua campanha. "Quem vai fazer? O vizinho? Tem de ser o partido", resumiu.