Brasília (AE) – O presidente Luiz Inácio Lula da Silva pretende mostrar, com um churrasco marcado para o domingo (06), a hospitalidade dos brasileiros ao presidente dos Estados Unidos, George W. Bush. Já o PT estará ao lado das entidades que pretendem hostilizar Bush.
As manifestações anti-Bush programadas para sábado (05) e depois, em São Paulo e em Brasília, têm o apoio oficial do diretório nacional do partido.
"Não vejo nenhuma contradição nisso", diz o presidente nacional da legenda, deputado Ricardo Berzoini (SP). "O partido não tem a obrigação de seguir posições do governo e o governo não precisa seguir as posições do partido", prossegue. Berzoini insiste: "O partido tem posição de partido. O presidente da República representa o Estado brasileiro. Por isso, o presidente vai receber seu colega norte-americano com todo carinho, mas o partido dele não."
O presidente nacional do PT afirma ainda que a sigla tem muitas decisões contrárias à política externa dos EUA e do presidente norte-americano. "Nós somos contra a Alca (Área de Livre Comércio das Américas), contra a política ambiental dos Estados Unidos, contra a política de Bush para o Oriente Médio e também por uma distribuição de renda contrária à adotada por eles."
Para mostrar que uma coisa é Lula receber o presidente dos EUA e oferecer carne a ele na Residência Oficial do Torto, e outra, a agremiação, a página do PT na internet hospeda, desde hoje às 10h08, um chamamento ao repúdio a Bush. De acordo com a programação, os movimentos sociais protestarão contra ele no fim de semana.
A página lembra que a visita de Bush ao Brasil sábado e depois deve desencadear uma onda de manifestações por todo o País. A notícia informa ainda que os protestos são organizados pela Coordenação dos Movimentos Sociais, que inclui a Central Única dos Trabalhadores (CUT), União Nacional dos Estudantes (UNE), Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) e outras organizações. A página do PT informa que o diretório nacional do partido apóia os atos.
A página informa ainda que, em São Paulo, o repúdio será sábado, às 14 horas, em frente ao BankBoston, na Avenida Paulista, 800, próximo à Estação Trianon-Masp do Metrô. Em Brasília, a concentração dos manifestantes ocorrerá amanhã, às 9 horas, ao lado da Catedral. De lá, sairá uma passeata anti-Bush.
O secretário de Política Sindical da CUT do Distrito Federal, João Lopes, afirma que são distribuídos materiais para convocar a população. O manifesto assinado pelos movimentos menciona, entre os motivos para os protestos, "a política expansionista, de agressão e crimes praticada contra os povos do Afeganistão e do Iraque, a tentativa de desestabilização do governo de Hugo Chávez (presidente da Venezuela), o imoral bloqueio econômico imposto a Cuba, o cruel tratamento dado aos imigrantes, a sangria de recursos imposta pelo pagamento de uma dívida externa ilegal e imoral, e a tentativa de imposição anexionista da Alca".
Algumas paredes e monumentos da capital federal amanheceram hoje com palavras contrárias ao presidente norte-americano, como "Fora Bush assassino". Um dos monumentos pichados foi o Memorial JK, que fica no Eixo Monumental, próximo ao Palácio dos Buritis. É um local distante da Granja do Torto, por onde, dificilmente, Bush passará, a não ser que ele queira visitar o túmulo do colega brasileiro.