Como se dizia nas Minas Gerais de antanho: mineração, barriga de grávida e urna eleitoral, só abrindo para saber o resultado. Hoje, graças ao avanço da tecnologia aplicada à medicina já se pode conhecer com antecedência qual é o sexo do bebê, mas as duas outras alternativas continuam, como sempre, indevassáveis.
Pequeno vislumbre da precariedade dos juízos de valor sobre índices de aceitação popular de pretensos candidatos à Presidência, recolhe-se da pesquisa feita pelo Ibope para a revista IstoÉ, entre os dias 12 e 16 desse mês e divulgada na quinta-feira pela Rede Globo.
Lula, que sequer admitiu disputar a reeleição, depois do tropeço das pesquisas feitas em dezembro pelo mesmo Ibope, cujos resultados foram confirmados pelo Datafolha, recuperou-se e voltou a emparelhar com José Serra.
Em dezembro Serra tinha boa folga em relação a Lula (37 a 31), mas na sondagem feita agora a diferença foi revertida pelo presidente, mesmo que a vantagem esteja situada dentro da margem que caracteriza o empate técnico.
De qualquer forma, a reação de Lula é resquício de seu enorme carisma e o retorno ao primeiro lugar, que ninguém jura ser definitivo, talvez reflita o pequeno avanço dos programas sociais, a Operação Tapa-Buracos nas rodovias federais, ou ainda numa elaboração mais arriscada, a rebarbativa discussão do tucanato sobre a candidatura presidencial.
A percepção é mais forte olhando o desempenho de Lula quando as simulações colocaram os nomes de FHC e Aécio Neves na disputa hipotética. Os índices de intenção de voto nesses políticos situa-se em escala pouco superior ao sofrível.
Lula ganharia de ambos com margem bastante satisfatória: 38 a 14 e 39 a 9. O príncipe dos sociólogos empataria com Garotinho e o neto de Tancredo não suplantaria Heloísa Helena. Nem o atual governador paulista seria páreo para o presidente, se a eleição fosse hoje. Bem assim, os pré-candidatos Germano Rigotto, Nelson Jobim e Cristovam Buarque, cujos nomes foram incluídos na pesquisa.
Lula não acabou do ponto de vista eleitoral, mesmo engolfado pela enxurrada de denúncias contra sua base política. A pesquisa diz isto, ainda mais quando a proverbial empáfia tucana deu lugar ao desfile de vaidades que, em momento algum, levou em consideração o raciocínio esclarecido do eleitor.