Lula não comenta CPI dos Correios. Ele soube da derrota em Tóquio

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva recusou-se hoje a comentar a criação da
CPI dos Correios. "Não pode (fazer a pergunta). Não pode porque eu vou falar com
vocês quando eu terminar a minha visita ao Japão. Primeiro, deixa eu terminar
meu trabalho de japonês", disse ele, ao cumprimentar os jornalistas que o
aguardavam no salão de entrada do gabinete do primeiro-ministro do Japão,
Junichiro Koizumi. A imprensa insistiu, alegando que o tamanho da crise
justificaria antecipar uma declaração. Lula, manteve-se
irredutível.

Segundo o vice-líder do governo na Câmara, deputado Beto
Albuquerque (PSB-RS), o presidente foi informado sobre o andamento da operação
para barrar a CPI dos Correios antes de embarcar de Seul para Tóquio, às 8h30 da
manhã de quinta-feira (20h30 de quarta-feira, em Brasília). Ele conversou por
telefone com o secretário-geral da Presidência, Luiz Dulci, e com o ministro da
Coordenação Política, Aldo Rebelo.

Durante o vôo, nem mesmo os ministros
que integravam sua comitiva entraram na cabine presidencial do Aerolula, relatou
o deputado João Caldas (PL-AL). Quando o avião aterrissou na capital japonesa, o
governo já havia sido derrotado. O presidente foi informado pelos ministros do
resultado quando já estava instalado no hotel Imperial.

Antes da
audiência com Koizumi, Lula visitou o parlamento japonês e desdobrou-se em
elogios. Chamou os senadores e deputados de "companheiros". "Sinto-me, aqui,
entre companheiros. Minha experiência parlamentar ensinou-me o papel decisivo do
Poder Legislativo na concretização de nossas aspirações e sonhos", afirmou, ao
discursar no plenário do Parlamento do Japão.

"Aprendi que é no contato
pessoal, na conversa franca, olhando olho no olho, que temos condições de
superar diferenças e preconceitos. Aqui, no Parlamento, construímos consensos,
damos forma e expressão à vontade coletiva", Em um esforço para agradar aos
parlamentares japoneses, o presidente Lula lembrou que foi deputado
constituinte, eleito em 1986. Em sua carreira política, entretanto, ele nunca
omitiu que não se adaptou a essa experiência e que considerava mais produtivo e
benéfico que os parlamentares trabalhassem junto a suas bases em vez de
mergulharem em discussões no Congresso.

Em seu discurso no Parlamento,
Lula informou que o Brasil está voltando a crescer. "Estamos reencontrando o
caminho do desenvolvimento, de forma sustentável e com justiça social", disse. O
presidente citou como exemplos desses avanços o programa Fome Zero, que segundo
informou atende a 8 milhões de famílias e a criação de quase três milhões de
empregos formais desde o início do governo.

"No caso do Brasil, como no
do Japão, as transformações estruturais corajosamente aprovadas pelos
Parlamentos de nossos países foram determinantes para esses avanços", discursou.
"Apenas as reformas emanadas em um ambiente democrático, de livre discussão, são
verdadeiramente duradouras." Lula ainda homenageou em seu discurso o deputado
Paulo Kobayashi (PSDB-SP), de origem japonesa, recentemente falecido. "Sentimos
sua ausência no momento em que estamos alcançando alguns dos objetivos por que
tanto lutou."

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