Lula: governo não pode ficar brincando de terrorismo econômico

O candidato do PT à Presidência da República, Luiz Inácio Lula da Silva, afirmou hoje que o governo “tem mecanismos” para controlar a alta do dólar e não pode “ficar brincando de fazer terrorismo econômico”.

A frase foi dita depois de uma visita à senadora eleita Roseana Sarney, no Hospital Sírio-Libanês, em São Paulo, em resposta às notícias sobre a cotação da moeda americana, que estava próxima dos R$ 4 00. “O Brasil tem potencial mas não pode brincar. Já alertei o presidente Fernando Henrique, em junho passado, de que a crise econômica pode ser a bomba do Riocentro no colo do governo”, advertiu o candidato, referindo-se ao atentado ocorrido na década de 80.

O cenário negativo, segundo ele, só será revertido com um governo que passe a negociar “em bases melhores” e consiga retomar o crescimento econômico. Lula falou também sobre a retomada da campanha, na segunda-feira. “É muita viagem, temos oito candidatos do PT e seis candidatos aliados, que estão disputando o segundo turno nos Estados”, comentou.

As queixas de Lula sobre “terrorismo” foram repetidas pelo governador reeleito do Acre, Jorge Viana (PT), também presente no hospital. O presidente da República, disse Viana, precisa ter uma posição mais ativa e isenção para separar a especulação da eleição. “O que está acontecendo não é terrorismo econômico e sim eleitoral. Isso é uma barbaridade”, comentou, acrescentando que “o governo federal tem de ser mais forte”.

Viana sugeriu que o presidente repreenda o candidato de seu partido à Presidência, o senador José Serra (PSDB). “O presidente deveria chamar a atenção do candidato ao governo que, para conseguir alguns pontos nas pesquisas, acaba pondo em risco o País.” Viana referia-se às declarações de Serra de que, se Lula vencer, o Brasil pode se transformar na Venezuela. “Isso é desespero. Acho que quando o ministro Serra fica imaginando que ele tem de conquistar 20 milhões de votos em 20 dias, fica desesperado”, afirmou.

O senador José Alencar (PL-MG), candidato a vice na chapa de Lula e que estava em São Paulo para um encontro de apoio à candidatura de José Genoino, declarou que, em seu entender, a crise é política e não técnica. “A responsabilidade pela política econômica é do presidente da República. O presidente do Banco Central é um delegado dele. Por isso, não pode ser transferida a ele qualquer responsabilidade maior”, disse ele.

Alencar garantiu que um eventual governo Lula vai coibir a especulação financeira. “O governo vai se voltar para a produção, para o trabalho. Não vai administrar o sistema financeiro ao bel-prazer dos bancos nacionais e internacionais.” A grande razão da crise cambial, para ele, é a vulnerabilidade da economia brasileira, provocada por “uma administração equivocada”.

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