O presidente Luiz Inácio Lula da Silva disse hoje (15), na cerimônia de apresentação de ações da educação alimentar e nutricional, realizada no Palácio do Planalto, que o programa Fome Zero despertou “a maior campanha de solidariedade que já se viu neste País” e reiterou que o combate à fome não é uma responsabilidade e um programa só do governo, mas tem que ser assumido pela sociedade brasileira. Segundo o presidente, “o papel do governo não é de se fechar na burocracia de um gabinete, de um secretário, um ministro e um chefe. É abrir espaço para que a sociedade faça do jeito que ela quiser fazer, como ela puder fazer a sua parte”.
Ao ressaltar a mobilização que existem no País dentro do programa alimentar, o presidente declarou: “Eu confesso a vocês que eu nunca quis saber para quem é que vai a comida arrecadada no show de tal ou tal artista. O que importa é que eu tenho consciência de que, se o cara foi capaz de fazer um show e arrecadar dinheiro, numa atitude nobre, muito mais nobre ele vai ser em escolher as instituições que vão receber aquilo. Se as pessoas receberem e comerem, eu não quero saber de que partido são, de que igreja são, para que time torcem, que escola de samba preferem ou qualquer coisa”, acrescentou. “Eu só quero saber se tomaram café, almoçaram, e jantaram e se vão ter energia suficiente para brigar pelas coisas que o Estado tem por obrigação oferecer”.
Em seu pronunciamento durante a solenidade, Lula criticou os que já quiseram acabar com os sistemas Sesc, Sesi e Senai (Serviços Sociais do Comércio e da Indústria e Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial), observando que só poderia propor isso quem não conhece o sistema, pois os erros podem ser corrigidos por dentro, mudando as pessoas “na medida em que a gente for ocupando espaço”. Numa referência ao atual presidente do Sesi, Jair Meneguelli, Lula lembrou do tempo em que ele foi presidente da CUT, quando muitas vezes foi tratado como demônio por muita gente. “Agora está sendo chamado de companheiro pelo vice-presidente da CNI”. “Não precisou ter briga, não precisou nenhuma guerra, apenas um aumento da civilização, da humanidade, a constituição da mais verdadeira democracia, sem que ninguém fizesse qualquer objeção a que o ex-presidente da CUT virasse presidente do Sesi”.
Lula lembrou também que o que se está fazendo nesta campanha (de combate à fome) “é deixar o lado ruim, guardado numa gaveta e pensar não apenas com a consciência, mas com o coração”. Para o presidente, não é possível ficar apenas com as coisas racionais. “Um pouco de irracionalidade, um pouco de emoção, é o que faz com que o governante tenha sensibilidade para olhar para aqueles que, muitas vezes, não estão nem nas ruas quando passa a carreata de um candidato.”, disse.
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