O presidente licenciado do PTB, deputado Roberto Jefferson (RJ), disse há pouco, na CPI Mista do Mensalão, que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva ficou "refém" do esquema do PT de pagamento de parlamentares. Em seu depoimento à CPI, Jefferson confirmou afirmação já feita anteriormente, de que o ex-tesoureiro do PT Delúbio Soares teria repassado recursos do que ele denomina "mensalão" para o deputado Carlos Rodrigues (ex-bispo Rodrigues, PL-RJ); o ex-líder do PT, deputado Pedro Henry (MS); o presidente do PL, Valdemar Costa Neto (SP), que renunciou a seu mandato de deputado na última segunda-feira, e o atual líder do PP, deputado José Janene (PR). Segundo ele, esses parlamentares teriam distribuído os recursos para outros deputados de seus partidos, conforme Jefferson disse ter ouvido dizer na Câmara.
Jefferson relatou que conheceu o empresário Marcos Valério Fernandes de Souza no fim de junho ou início de julho do ano passado, quando Valério foi à sede do PTB. O deputado repetiu que, em janeiro deste ano, levou o caso ao presidente Luiz Inácio Lula d a Silva, quando cessou a distribuição de recursos. Entretanto, segundo ele, em maio, essa distribuição foi retomada, aí ele voltou a falar com Lula, e então o esquema parou de funcionar definitivamente.
A exemplo do que já fizera anteriormente no Conselho de Ética da Câmara, Jefferson voltou a relatar a reação que o presidente da República teve ante a denúncia: de alguém que se sente traído, "de uma pessoa que recebeu uma notícia com surpresa".
Ele voltou a afirmar, também, que o esquema do PT consistia em dar a partidos da base a direção de empresas estatais, mas mantinha o corpo de funcionários abaixo dos cargos de direção sob controle de petistas, porque o PT não quis distribuir o poder.
Segundo Jefferson, a "burguesia corrupta e prostituta" do PT montou uma operação paralela para pagar aluguel a deputados.
Jefferson disse que, no atual governo, ocorreu pela primeira vez que os partidos aliados do governo no Congresso ficaram ao largo das discussões dos temas de interesse do governo. "Quando a gente era da base de alguém, antes de vir para cá qualquer proje to, a gente era chamado a discutir lá (no Palácio do Planalto)", disse, ao reclamar que nunca foi chamado para discutir nada, no atual governo que apoiou.
O deputado disse, também que, se repartiu os R$ 4 milhões que o PTB recebeu do PT, conforme já informara anteriormente, não vai revelar a ninguém a quem distribuiu dinheiro desse bolo. "Se esses recursos tivessem sido de contribuição de campanha, por que não teve recibo?", questionou. "Por que o dinheiro vinha só em mala, e não como cheque nominal ao PTB, para prestar contas à Justiça eleitoral?" O relator da CPI, deputado Ibrahim Abi-Ackel (PP-MG), interveio então para dizer que os recursos para pagar despesas de campanha não foram suficientes, aí o PT teria ido buscá-los de uma fonte complementar.