O presidente Lula deve ter informações privilegiadas sobre o estado das artes da economia brasileira, isto é, aqueles dados que jamais chegam ao conhecimento dos cidadãos comuns, mesmo os que exercem atividades de importância transcendental para o crescimento interno. Ou resolveu mandar às favas o bom senso, arriscando-se a fazer declarações bombásticas sobre a suposta higidez econômica do País.

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A segurança exibida pelo presidente diante duma platéia integrada, entre outros, pelo primeiro-ministro da Espanha, José Luis Rodriguez Zapatero, na visita a Madri, além de reanimar na sociedade a até aqui bastante diluída esperança na melhoria imediata das condições de vida, deverá ser energicamente cobrada como compromisso firmado perante investidores de alto bordo e, mais, do chefe de governo de um país distinguido pela aura da modernidade, avanço pragmático e elevado padrão civilizatório.

Tomado pelo entusiasmo do momento, Lula reiterou as indiretas que dirigira ao presidente George W. Bush ao passar pela Escandinávia: ?Daqui a alguns dias vou encontrar meu amigo Bush e vou dizer a ele: Bush, resolva a crise, porque não vamos deixá-la atravessar o Atlântico e chegar ao Brasil. Ele vai ter que assumir a responsabilidade?.

Lula insistiu que a situação econômica brasileira é sólida o bastante para resistir às circunstâncias internacionais, garantindo aos empresários espanhóis que vai longe o tempo em que o Brasil era vulnerável a todos os cenários de crise. Em suma: Tio Sam dava um espirro e o Brasil ficava gripado.

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Zapatero, seguindo o script recomendado pelo contexto e na condição de líder socialista que não perde oportunidades, aproveitou para alfinetar ?a maior potência do mundo? como facilitadora de ?políticas inadequadas?. Ele fez coro às declarações de Lula e também responsabilizou o governo norte-americano pela ameaça de contaminação dos demais mercados.

Enquanto isso, Luciano Coutinho, presidente do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), agendava uma conversa com investidores visando despertar atenção para os projetos de concessão de rodovias e da usina hidrelétrica de Santo Antônio, no Rio Madeira, cujos leilões ocorrem em outubro.

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