Brasília – Incomodado com os resultados pífios dos investimentos em obras de modernização dos principais portos brasileiros, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva cobrou da sua equipe uma resposta rápida para avanços nos projetos. Determinou aos ministros que seja feito o que for necessário para resolver o problema. Se for preciso, Lula está disposto até a mudar a direção das companhias docas, celeiro tradicional de indicações políticas dos partidos da base aliada do governo e fonte de problemas gerenciais, segundo um integrante da equipe econômica.
A ordem foi dada durante a reunião da Junta Orçamentária na segunda-feira. Segundo um dos participantes, Lula cobrou providências e marcou uma reunião para a próxima semana, na qual discutirá uma agenda emergencial para melhorar os portos.
No início deste ano, o governo separou R$ 229,3 milhões para fazer obras prioritárias em sete portos: Itajaí, São Francisco do Sul, Sepetiba, Rio de Janeiro, Rio Grande, Santos e Vitória. Essas verbas não foram bloqueadas pelo Tesouro Nacional para garantir um andamento rápido a projetos. Porém, até o momento, apenas R$ 85 milhões foram comprometidos com o pagamento de alguma mercadoria ou serviço. O valor efetivamente gasto é ainda menor: R$ 12 milhões. O restante simplesmente não foi usado nem será este ano. Tanto é que os técnicos resolveram cortar parte da verba do programa dos portos que ficaria ociosa. O orçamento para os portos caiu de R$ 229,3 milhões para R$ 181 4 milhões.
"A administração das companhias que administram os portos é um problema gravíssimo. Temos de atacar isso. Não temos uma boa gestão", disse um integrante do governo. Segundo essa fonte, o governo não tem sido capaz de resolver esses problemas de gestão, agravados pelo loteamento político das empresas, que se somam às dificuldades na obtenção de licenças ambientais para a realização das obras. A confusão é tanta que já ocorreu, por exemplo, de reuniões do conselho de administração só se realizarem com base em liminar concedida pela Justiça.
Lula está irritado com a situação dos portos porque ouviu dos principais executivos de empresas multinacionais uma série de reclamações. Reunidos com Lula na sexta-feira, em São Paulo, eles disseram que a baixa capacidade dos portos representa um entrave à expansão dos negócios no País.
"Ele ouviu muitas reclamações. Ficou não só aborrecido, mas voltou determinado a resolver esse assunto. O presidente vai mudar o que precisar mudar. Se tiver de trocar a direção inteira (das companhias docas), nós vamos trocar e resolver", disse uma fonte que participou da reunião da Junta Orçamentária.
Na sexta-feira passada, depois da reunião de Lula com os empresários, o ministro do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior, Luiz Fernando Furlan, anunciou que o presidente havia assumido um compromisso com os empresários de coordenar pessoalmente uma solução para as obras consideradas prioritárias nos principais portos. Ele lembrou que, desde 2003, o governo tem um diagnóstico pronto sobre o que é preciso fazer para aumentar a capacidade dos 11 principais portos, a chamada "Agenda Portos". Mas, reconheceu Furlan, as obras não avançaram. Segundo ele, a burocracia foi o principal entrave.