O presidente Luiz Inácio Lula da Silva cumpriu à risca o roteiro traçado para o Fórum Econômico Mundial de Davos. Um desfile de governantes e megaempresários dos Estados Unidos e União Européia e outros pólos de riqueza ascendente. Como é de praxe, presidentes e ministros de países em vias de desenvolvimento também deram o ar da graça, pois não se pode perder oportunidade semelhante.
Lula participou na sexta-feira à tarde de um seminário sobre guerra à pobreza mundial, ratificando sua posição de líder de uma economia emergente do Terceiro Mundo e uma das vozes mais acreditadas dentre os homens públicos da América Latina. O presidente teve proveitosas conversas pessoais com o chefe da Comissão Européia, Durão Barroso, e com o primeiro-ministro alemão Gerhard Schroeder.
Acompanhado pelo núcleo duro do governo, os ministros José Dirceu, Antônio Palocci, Luiz Fernando Furlan e Eunício de Oliveira, além do presidente do Banco Central, Henrique Meirelles, o presidente brasileiro reforçou a imagem de pregoeiro da inclusão social com o apoio da poupança internacional.
No papel de esforçado caixeiro-viajante, Lula acenou com as vantagens oferecidas pelo Brasil a empresários dispostos a trazer parte de seus negócios para cá. O projeto Parcerias Público-Privadas (PPPs) é uma dessas ferramentas, cuja estimativa é atrair investimentos da ordem de US$ 20 bilhões ainda este ano.
Com regulamentos claros e ordenados de acordo com padrões de convivência e respeito aos tratados recíprocos, o Brasil poderá ingressar no século 21 como auspicioso vértice de empreendimentos comprometidos com o lucro que, no entanto, propiciem a abertura de largos caminhos para a valorização do ser humano e preservação do meio ambiente. O Brasil é parceiro ideal para qualquer país industrializado conquanto ofereça garantias da manutenção das regras do jogo. Sem ser subserviente, entreguista ou balizado pelo interesse pecuniário dos grupos elitizados.