Os presidenciáveis Luiz Inácio Lula da Silva, do PT, e José Serra, do PSDB, procuram fechar acordos não só com novos parceiros, mas também trabalham para armar seus palanques nos Estados com maior ou menor importância, porque no mata-mata do segundo turno, cada voto pode ser decisivo.
Em alguns Estados importantes, como São Paulo, o duelo entre PT e PSDB repete-se também na disputa pelo governo, com o tucano Geraldo Alckmin e o petista José Genoíno. Assim, o palanque que for montado para a campanha ao governo será também o da Presidência.
Em Minas Gerais, o segundo maior colégio eleitoral do País, tido como fundamental para a eleição de qualquer pretendente ao Palácio do Planalto, Lula e Serra terão palanques fortes. O do petista conta com o empenho do governador Itamar Franco (sem partido), que promete acompanhar seu aliado em todos os cantos do território mineiro.
O tucano tem no governador eleito Aécio Neves o seu amparo eleitoral. No primero turno, Aécio mandou imprimir 200 milhões de santinhos com a indicação da votação em José Serra. O material foi distribuído de casa em casa. Mesmo assim, Lula teve mais de 53% dos votos de Minas e Serra, 22,9%.
Uma das grandes apostas de Serra para melhorar seu desempenho nas urnas no segundo turno é o Rio Grande do Sul. O tucano quer aproveitar o ótimo desempenho do peemedebista Germano Rigotto na disputa para o governo com o petista Tarso Genro para tentar melhorar sua votação entre os gaúchos. Serra planeja fazer pelo menos duas viagens ao Rio Grande do Sul durante a campanha para o segundo turno.
A Bahia é um problema para Serra. O PSDB fez apenas dois deputados no Estado – João Almeida e Jutahy Junior. Lula teve uma de suas maiores votações e conta com o apoio declarado do ex-senador Antonio Carlos Magalhães (PFL). Mas o petista não terá do principal líder do PFL baiano ajuda substancial. Antonio Carlos afirmou que apóia Lula no plano nacional, mas tem muitos problemas com o PT local.
Portanto, se limitará a declarar seu voto. De qualquer forma, na Bahia Lula tem a forte mobilização do PT, cujos eleitores deram a dois deputados do partidos a segunda e a quarta votações.
No Rio de Janeiro, tanto Lula quanto Serra têm palanques importantes, embora a eleição tenha sido decidida em favor da candidata Rosinha Garotinho, do PSB, em primeiro turno. Serra conta com a ajuda do prefeito do Rio, Cesar Maia (PFL). Lula procura fechar um acordo com Anthony Garotinho (PSB), que ficou em terceiro lugar na disputa eleitoral, mas teve mais votos do que ele no Estado. Embora Garotinho venha mantendo as críticas a Lula, por causa de alianças como a que fez com o senador e ex-presidente José Sarney (PMDB-AP), o PSB deve enquadrar o ex-governador e fechar um acordo com Lula. A reunião do partido estava marcada inicialmente para amanhã, em Brasília, mas foi adiada, possivelmente para quarta-feira.
No Pará, repete-se no Estado a disputa entre Serra e Lula. O candidato Simão Jatene, do PSDB, disputa o segundo turno da eleição com a petista Maria do Carmo. Como a Prefeitura de Belém é administrada pelo PT, Lula tem na capital paraense um forte palanque, porque Maria do Carmo cresceu muito nos últimos dias da campanha, quando ultrapassou o antes favorito Ademir Andrade, do PSB.
No Paraná, o palanque dos dois candidatos a presidente é complicado.
Roberto Requião, do PMDB, que disputa o segundo turno com Álvaro Dias, do PDT, quer que Lula retribua o apoio que deu ao presidenciável no primeiro turno. Álvaro Dias, porém, exige de Lula neutralidade na campanha, caso contrário não pedirá votos para o petista.