O presidente Lula tem nestas duas semanas a árdua tarefa de convencer os líderes dos partidos aliados da importância de eleger o deputado Luiz Eduardo Greenhalgh (PT-SP) presidente da Câmara dos Deputados. Há poucos dias, havia declarado sua disposição de não intervir em questão interna do partido, levado quem sabe pela presumida volatilidade da candidatura do deputado Virgílio Guimarães (PT-MG).
Hoje, decerto, a avaliação feita pelo governo exige uma tomada de posição menos confiante na vitória de Greenhalgh, ao que se percebe pela leitura dos jornais, não detentor de maioria folgada em relação a Virgílio, cuja estimativa é de vencer.
Três outros deputados entraram também na disputa (Severino Cavalcanti (PP-PE), José Carlos Aleluia (PFL-BA) e Jair Bolsonaro (PP-RJ). O comportamento desses parlamentares não é novidade, pois candidaturas avulsas à presidência da Câmara dos Deputados sempre houve, inclusive da parte do próprio PT.
Todavia, os avulsos foram sempre figuras folclóricas do parlamento, ávidas por reivindicar da mídia seus quinze minutos de fama. Passada a efervescência, ganhava quem tinha de ganhar e ponto final.
As cenas atuais mostram panorama diferente, calcado em deficiente esquema de articulação do governo com os partidos de sustentação. Ou, na pior das hipóteses, desnuda o tradicional clima do toma-lá-dá-cá, traço peculiar do relacionamento do Congresso com o governo.
Lula certamente vai negacear seu envolvimento no imbróglio, alegando a condição de magistrado, mas não tem saída. Entra em campo pra valer e revive seus dias de Vila Euclides ou contabiliza uma defecção prejudicial a seus planos imediatos.