Embora exista, em política, muita gente que considera que quanto pior, melhor, o fato é que para qualquer cidadão consciente é importante que o governo brasileiro tenha um bom desempenho e elevado conceito. Há os que consideram que quanto pior, melhor, porque se o partido ou a coligação situacionista vai mal, garante-se sua derrota no próximo pleito e a torcida contra tem chances de vitória. Há ainda os que querem manter o povo oprimido, carente e ignorante porque exatamente essas fraquezas é que exploram para conquistar votos. Pão e circo seriam os instrumentos básicos para ganhar e eternizar-se no poder. Aqui, uma interpretação maldosa e classista que, infelizmente, é verdadeira e não mera imaginação de sociólogos e cientistas políticos.
Na mais recente pesquisa da Datafolha, revelou-se que os programas sociais é que estão sustentando a aprovação ao presidente Lula.
Os entrevistados consideraram o governo bom ou ótimo por causa dos investimentos sociais. E mencionaram o Fome Zero em 15% das respostas, o Bolsa Família em 12% e o Bolsa Escola em 8%.
Estes são programas herdados do governo anterior e que mudaram de nome e forma de execução. Não são novidades, propriedade intelectual dos que os organizaram neste governo, mas foram apresentados com maior ênfase, mais propagandeados e prometidos para uma clientela maior. Melhor dizendo, para toda a clientela carente.
À força de muita propaganda, vêm se sustentando, mesmo quando e onde sequer começaram a funcionar. Alguns desses programas, como o pretensioso Fome Zero, foi no começo uma trapalhada, permitindo desvios e roubalheira. Mas foi tão pretensioso que o governo Lula chegou a tentar transformá-lo não só em nacional – o que já seria muita coisa – mas em internacional. Valem as boas intenções, embora haja muita gente que entende que a geração de desenvolvimento econômico e empregos acabaria com a fome de forma mais permanente. A lição de Mao é válida como nunca: É melhor ensinar a pescar do que dar peixes.
É impatriótico achar que tudo, no atual governo, é ruim. Os programas sociais têm o reconhecimento parcial da população, embora os que deles necessitam e estão fora são em número muito maior do que os efetivamente beneficiados.
Parece-nos que mais valeu a intenção, mas faltou pão. O desejo de dar escolas, que o ensino efetivamente disponibilizado. A iniciativa limitada de ajudar as famílias carentes, que a quantidade efetiva dos assistidos.
Números mais globais mostram que, em matéria de injustiças sociais, não tivemos progressos sensíveis. Continuamos um dos países com maior percentual de população abaixo da linha de pobreza, na miséria. Mantemos a desonrosa posição de segundo país do mundo de pior distribuição de renda. E o desemprego continua em número aflitivo.
Nunca, como agora, tantos brasileiros emigraram para países mais desenvolvidos, mesmo arriscando ser presos ou mortos, abandonando o Brasil por falta de empregos e expectativas de uma vida futura melhor e mais segura. São os que amam o País, mas mesmo assim, o deixam.
Olhemos a revelação de que área social sustenta a aprovação ao presidente Lula com bons olhos, mas sem esquecer que a ação governamental nesse campo é uma gota d´água no imenso mar de carências em que o povo continua vivendo. E um percentual mínimo do que lhe foi prometido.