O candidato do PT à Presidência da República, Luiz Inácio Lula da Silva afirmou nesta segunda-feira que a política de alianças que ele pretende criar no seu eventual governo e que já teria começado com a aliança com o PL, será um projeto de construção de um “novo contrato social” no Brasil. “Fernando Henrique falou repetidas vezes que construiria um Pacto de Moncloa (referindo-se ao acordo social feito na Espanha pelo presidente socialista Felipe Gonzales) no País, mas não fez. A elite brasileira evoluiu. Antigamente mandava matar e torturar; hoje apresenta avanço”, afirmou Lula.
Para ele, que participou do ciclo de debates com os presidenciáveis, promovido pelo jornal Folha de S.Paulo, o PT também amadureceu, “mas isso não significa que se aburguesou ou se acomodou”. De acordo com Lula, o Brasil não precisa de administradores de empresa, “mas de um líder”. “O problema do governo não é administrativo, mas político e social”, disse.
Lula exaltou-se ao responder às críticas feitas a ele pelo candidato da Frente Trabalhista, Ciro Gomes (PPS), que comparou a experiência administrativa dos dois candidatos. Lula disse que não faz parte da turma do “eu me amo”. “O que eu quero saber é se as pessoas que administraram uma cidade, que administraram um Estado, melhoraram os indicadores sociais. Falam muito que melhoraram as finanças, mas o problema do País não é só esse”, disse. “Queremos ganhar a s eleições para fazer política social neste País”.
O presidenciável do PT utilizou o ex-presidente da África do Sul, Nelson Mandela, para contestar o que chamou de “esta história da experiência”. “Sabe qual era a experiência do Mandela quando foi eleito presidente da África do Sul? Vinte e sete anos de cadeia, e transformou-se num dos grandes estadistas mundiais”. Para Lula, o Brasil está sendo administrado do ponto de vista contábil e não político.
Lula afirmou que na avaliação pessoal dele e de dirigentes do PT nunca “tivemos uma oportunidade tão extraordinária de ganhar as eleições como tivemos agora”. De acordo com ele, tudo depende da capacidade do partido de estabelecer uma “comunicação com o povo”. Segundo o candidato, o seu governo não pretende fazer uma política de “mexer em feridas”. “Talvez possamos fazer investigações em algumas privatizações, mas não pretendemos mexer com isso. Há coisas muito mais importantes para tocarmos para frente neste País”, afirmou.
O candidato voltou a defender a realização de uma ampla reforma agrária, como condição para retomada da produção. “O Brasil tem muita terra devoluta e também podemos desapropriar algumas áreas improdutivas”, disse.