Brasília (AE) – Num discurso totalmente lido, ao lado do presidente dos Estados Unidos, George W. Bush, na Residência Oficial do Torto, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva destacou hoje que a política externa brasileira "não é apenas um meio de projeção do Brasil no mundo, mas também um elemento fundamental de nosso projeto nacional de desenvolvimento", ao comentar que, nestes 34 meses de governo, buscou uma forte aproximação com os "irmãos sul-americanos" e com outros países dos demais continentes.
"As conseqüências dessa abertura foram os incrementos sem precedentes de nosso comércio exterior, a atração de investimentos e a internacionalização de nossas empresas", declarou, justificando que "esta busca de novos horizontes não comprometeu nosso relacionamento com grandes países desenvolvidos como: da União Européia (UE), Japão e, obviamente, Estados Unidos".
Depois de salientar que, quando da eleição para a Presidência, não faltaram os que "se equivocaram, redondamente", em prever a deterioração das relações entre Brasil e EUA, Lula observou que, "ao contrário, nossas relações atravessam hoje um de seus melhores momentos, as relações econômicas e comerciais se ampliaram em muito e nosso diálogo político ganhou qualidade superior".
Segundo ele, "compreendemos – Estados Unidos e Brasil, nossa importância econômica e política e as responsabilidades que disso decorrem".
Após declarar que "defendemos nossos interesses nacionais e valores políticos gerais", Lula acrescentou que "o respeito que temos por nós mesmos reforçou nosso respeito mútuo porque cada país preza sua soberania, soubemos respeitar a soberania de nossos países".
Segundo o presidente, "as compreensíveis diferenças de pontos de vista sobre questões da agenda regional ou mundial foram tratadas com franqueza, sem sobressaltos ou confrontação".
Lula lembrou que foram muitos os avanços nas relações bilaterais e, agora, decidiram "avançar em outros campos estratégicos", citando áreas de saúde, ciência e tecnologia e aprofundar nossas parcerias educacionais e em áreas como biodiversidade e agricultura e até ameaças como a pandemia da gripe aviária.
"Nossa parceria está fundada em bases econômicas sólidas e os Estados Unidos são o primeiro parceiro individual do Brasil o maior mercado para nossas exportações e a nossa principal fonte de investimentos diretos, declarou Lula, acentuando que "nosso intercâmbio tem crescido a taxas de 7% ao ano e somente em 2004, recebemos US$ 4 bilhões de investimentos norte-americanos".
Segundo Lula, "temos tratado com tranqüilidade e maturidade das questões pontuais que são parte de qualquer parceria dessa magnitude". "Estamos empenhados em eliminar, de forma negociada, entraves injustificados em nosso comércio bilateral e estamos levando esse mesmo espírito de parceria para as discussões comerciais multilaterais".
Para Lula, "a conclusão exitosa da Rodada de Doha, até o fim de 2006, é prioridade tanto dos Estados Unidos quanto do Brasil". Ele acrescentou: "Coincidimos em que a redução e eventual eliminação dos subsídios à agricultura é a chave para o equilíbrio da Rodada".