O presidente Luiz Inácio Lula da Silva, no seu programa semanal de rádio "Café com o Presidente", analisou hoje o acordo do etanol firmado com o presidente americano, George W.Bush, na semana passada e disse acreditar que os Estados Unidos e o Brasil sejam capazes de fazer uma parceria que "possa mudar a lógica da política energética na área de combustíveis no século 21". "O que é que acontece na verdade? Os Estados Unidos são grandes produtores de álcool e produzem o álcool de milho. O álcool de milho é mais caro do que o álcool de cana-de-açúcar. O Brasil precisa investir US$ 0,28 para produzir um litro de álcool, e os Estados Unidos precisam investir US$ 0,45 para produzir um litro de álcool de milho.
Lula entende ainda que o mais importante é que está sendo criado um fórum internacional que envolve os Estados Unidos, Brasil, Índia, China, África do Sul e a União Européia. "Nós estamos convencidos de que essa parceria passa por investimentos dos países mais ricos em países mais pobres para que eles possam produzir também o álcool ou produzir o biocombustível, o biodiesel.
Perguntado sobre o que os países em desenvolvimento desejam agora dos desenvolvidos, o presidente Lula disse que Brasil, China, Índia, África do Sul, Argentina e México desejam que "os países desenvolvidos diminuam os subsídios que dão aos seus agricultores". "O que é que eles querem de nós? Que a gente também faça concessões em produtos industriais e no setor de serviços. Estamos dispostos a fazer a nossa parte, levando em conta a proporcionalidade e a riqueza de cada país porque, no caso da agricultura, enquanto no Brasil ainda temos 25% de gente trabalhando no campo, e na África há países que têm 70%, na França você tem 2%. Significa que o peso agrícola para os franceses é muito menor do que o peso para um país africano", explicou.
"Esse tripé, na verdade, esse triângulo que estamos montando, cada um faz um pouco de concessão, é que vai garantir o acordo que todos nós estamos torcendo para que aconteça, porque isso seria a salvação dos países mais pobres", disse o presidente.