O presidente Luiz Inácio Lula da Silva considerou "sábia" a decisão do PDT de permanecer neutro e liberar seus militantes no segundo turno da eleição presidencial. Em uma rápida entrevista hoje em seu hotel, antes de deixar Belém (PA) em direção a Manaus (AM), Lula afirmou que é "muito difícil o partido ter controle dos votos dos eleitores".
"Estamos chegando na reta final da campanha. Eu acho que o povo já conhece sobejamente os dois candidatos e os dois projetos que estão em disputa e eu acho que o povo vai maturando no sentido de fazer sua escolha", afirmou. Lula lembrou que o PT já esteve nessa situação algumas vezes e considerou melhor liberar seus militantes do que pregar o voto nulo ou branco.
A decisão do PDT pela neutralidade, tomada ontem, beneficia o presidente, já que a tendência maior do partido, em caso de apoio declarado, era optar pelo tucano Geraldo Alckmin.
Perguntado ainda sobre o receio dos movimentos sociais, de serem criminalizados em caso de vitória do tucano, Lula evitou ser explícito na crítica ao adversário, mas afirmou que eles realmente têm o que temer. "Eu acho que a preocupação deles é correta. Obviamente, nós não fizemos tudo o que gostaríamos de fazer, mas a verdade é que nunca houve no Brasil nenhum governo que tivesse a abertura com movimento social que nós tivemos", garantiu. "O Palácio do Planalto virou uma caixa de ressonância dos movimentos sociais. E tem que ser assim. O movimento social não pode ser visto como uma coisa estranha na relação com o governo. A gente goste ou não goste, eles têm que reivindicar".
O presidente deixou Belém por volta das 8h30 da manhã, depois de um comício para mais de 15 mil pessoas que terminou já à meia-noite de ontem. Hoje pela manhã, Lula tem encontros com líderes políticos em Manaus. À tarde, faz uma caminhada no centro do Rio de Janeiro e, à noite, tem uma reunião com artistas que o apóiam.