O presidente eleito, Luiz Inácio Lula da Silva, afirmou hoje que anunciará todo o ministério até o dia 15, estipulando, pela primeira vez, uma data limite para a apresentação da equipe.

?Acho que, no mais tardar, no final da primeira quinzena de dezembro, todos nós já estaremos com os nossos governos prontos?, disse Lula, referindo-se também aos governadores eleitos. Segundo ele, o principal esforço no momento é o de montar um governo com ?o máximo? de representação política.

Mantendo seu esforço de afastar problemas, o presidente eleito disse não estar recebendo pressões por cargos.  ?Estamos vivendo um momento importante de maturidade entre as forças políticas que me apoiaram e estou tendo toda a tranqüilidade possível, não estou recebendo nenhuma pressão de quem quer que seja?, afirmou Lula. ?Espero que, na hora de concluir o governo, eu tenha o máximo possível de representação política porque nós precisam viver uma aliança boa para governar o Brasil.? O esforço de buscar novos aliados inclui o PMDB, partido que está rachado quanto ao apoio ao novo governo. ?Eu, particularmente, gostaria de ter setores do PMDB com quem me dou e trabalho há muitos anos?, disse Lula, ao lado do governador eleito do Paraná e antigo aliado peemedebista, Roberto Requião, com quem se reuniu na manhã de hoje, em São Paulo. Mas o presidente eleito disse que, antes de tentar trazer o partido para a base aliada, vai esperar suas definições internas.

?Tudo vai depender das conversas que terei com governadores, com a direção?, disse Lula. ?Vamos esperar eles (os peemedebistas) resolverem esses problemas para a gente conversar.? Ao falar sobre o assunto, Lula fez elogios às posturas políticas de Requião e do governador de São Paulo, Mário Covas (PSDB), que morreu em 2001. ?Há dois políticos dos quais gosto de graça, sem pedir nada para eles: Mário Covas e Requião?, disse o presidente eleito. ?São dois companheiros que têm uma química de pele que me faz gostar deles, sem nunca pedir nenhum favor a eles.? Para Lula, o governador peemedebista ?será um parceiro? em seus quatro anos de mandato.

Palocci – O único nome já oficializado na equipe do novo governo é o do prefeito de Ribeirão Preto (SP), Antônio Palocci Filho, que comanda o processo de transição para Lula.

Ele está contado para ocupar as pastas da Fazenda ou do Planejamento. O presidente eleito brinca com as ?especulações?. ?O Palocci é peça importante, mas, o que ele vai ser, quando eu decidir, vocês vão saber, antes disso vocês vivam da especulação que vocês mesmos criam?, disse Lula, dirigindo-se aos jornalistas presentes na entrevista realizada em seu antigo comitê de campanha, na Vila Clementino, zona sul de São Paulo.

Ainda sobre o assunto, o presidente eleito fez ironias logo ao sentar-se para a entrevista. ?Já escolheram o ministério de vocês? Quem que vocês indicaram hoje e quem que vocês tiraram??, disse Lula aos jornalistas. Ele ainda brincou ao afirmar que havia chamado Requião para um ministério. ?Bem, é só fazer como o Tancredo Neves recomendava: digo que fui chamado, mas não aceitei?, comentou o governador do Paraná, em tom de brincadeira.

Lula comentou ainda o processo de transição nos Estados e alertou, sem citar nomes, que muitos governadores eleitos ainda não estão tendo acesso a informações necessárias. ?Alguns não estão tendo a oportunidade que outros têm de ter acesso a informações?, disse o presidente eleito.

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