O candidato do PT à Presidência, Luiz Inácio Lula da Silva, afirmou hoje, em encontro com o governador de Minas Gerais, Itamar Franco (sem partido), que, se vencer a eleição, o governador eleito, Aécio Neves (PSDB), “será tratado (por Lula) como um governador (um companheiro) do PT”.
Ele lembrou que o PT fez a maior bancada na Câmara dos Deputados e que agora poderá ter a presidência da Casa, além de poder negociar a presidência do Senado, onde o PT terá 14 senadores, na condição de terceira maior força. O candidato encontrou-se com Itamar para tratar das novas etapas da campanha. Depois de ser recebido a sós pelo governador, os dois dirigiram-se à presença de aliados.
Itamar disse a Lula: “Minas Gerais lhe deu expressiva votação. Isso deve ter tocado o seu coração, Lula. Fique à vontade, esse palácio é seu, Minas é sua”. Lula respondeu que a campanha teve vários grandes momentos. E enumerou-os.
O primeiro, disse, foi quando o PT decidiu fazer um novo discurso e participar de uma nova engenharia política. O segundo, quando, em 17 de dezembro, o partido decidiu ampliar a sua forma de fazer alianças e adotar uma linha política mais pragmática. O terceiro, quando percebeu que poderia ter o senador José Alencar (PL) como seu vice. “Porque o Alencar faz a diferença”, disse Lula.
O quarto momento, segundo ele, foi quando Itamar declarou seu apoio, sem nenhuma imposição. E por último, toda a campanha do primeiro turno, que, para ele, ocorreu num nível elevado. “Cada um dos candidatos já tinham estado juntos em algum momento. Nesta campanha, não havia inimigos, apenas adversários. Eu e Serra não nos tratamos como inimigos.”
Apoios
Lula disse que tem recebido a adesão de tantos políticos que nunca havia calculado que poderia contar com um leque de apoio tão amplo. Afirmou que até o PPB paulista quer dar-lhe apoio. “Vim a Minas Gerais agradecer pela votação que tive e fui recebido pelo PMDB do Estado, que decidiu fazer a minha campanha no segundo turno.” Ele afirmou que nesta semana fazerá o planejamento de viagens em 14 Estados.
Lula reconheceu que passa por alguns constrangimentos. No Paraná, por exemplo, recebeu desde o primeiro turno o apoio do senador Roberto Requião (PMDB), que concorre com Álvaro Dias (PDT). “O Álvaro Dias quer me apoiar, desde que eu fique neutro. Mas não posso abandonar o senador Requião, que esteve comigo desde a primeira hora. E olha, o Álvaro Dias é do PDT, partido que está comigo neste segundo turno e os dois estão empatados.”