O presidente Luiz Inácio Lula da Silva comunicou ao PMDB que desistiu de fazer uma reforma ministerial. Ele vai apenas nomear o deputado Paulo Bernardo (PT-PR) novo ministro do Planejamento, cujo cargo estava sendo ocupado interinamente por Nelson Machado, e fazer uma mudança pontual na Previdência, substituindo o ministro Amir Lando, que é do PMDB, pelo seu colega de partido, o senador Romero Jucá. "Quero comunicar a vocês que pensei muito, ontem à noite, e vou apenas preencher o Planejamento e fazer uma troca na Previdência", disse Lula, segundo um dos participantes do encontro do presidente com a cúpula do PMDB.

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Participaram da reunião o presidente do Senado, Renan Calheiros, o senador José Sarney, os dois líderes do par tido na Câmara, José Borba, e no Senado, Ney Suassuna, além dos ministros das Comunicações, Eunício Oliveira e Amir Lando, da Previdência. Lando lembrou a Lula que entregou sua carta de demissão, na semana passada e ele, presidente, lhe pediu que aguardasse.

Lula elogiou Lando, disse que o senador fez um bom trabalho na Previdência, que recebeu dele o plano de reestruturação da Previdência Social e que agora vai conversar com Romero Jucá, que é quem vai implementar o plano. Embora muito irritado com o PP, depois da ameaça do presidente da Câmara, Severino Cavalcanti de que se o partido não for atendido na reforma o PP vai romper com o governo, Lula demonstrou bom humor na conversa com a cúpula do PMDB. E brincou: "Afinal esse Severino é cria de quem?".

O presidente disse que também está muito preocupado com os partidos, que a base aliada está muito desorganizada e que é hora de fortalecer as lideranças. "Está tudo muito solto no Congresso". Ele lembrou a conversa que teve na véspera com o presidente do PMDB e classificou o encontro de "muito bom e equilibrado". Ele não tocou no assunto Roseana Sarney, que estaria na sua cota pessoal para o Ministério. Mas segundo um dos participantes, Sarney compreendeu que o presidente não tem condições de fazer mai s mudanças agora. Os participantes do encontro entenderam também que ao que tudo indica Aldo Rebelo deve permanecer na coordenação política. A avaliação da cúpula do PMDB é de que com a decisão de desistir da reforma ministerial, o presidente não está afrontando o PP, mas sim preenchendo um cargo vago e uma troca pontual na Previdência para a eficiência da máquina.

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