Lula demite assessor acusado de corrupção e manda abrir inquérito

Brasília – O presidente Luiz Inácio Lula da Silva exonerou hoje o subchefe de assuntos parlamentares do Ministério de Articulação Política, Waldomiro Diniz. O presidente também determinou a abertura de inquérito policial federal para investigar as denúncias publicadas na edição desta semana da revista ?Época?.

A informação foi divulgada no início da tarde de hoje pelos ministros da Coordenação Política, Aldo Rebelo, e da Justiça, Márcio Thomaz Bastos. Segundo Rebelo, o próprio Waldomiro havia pedido, essa manhã, exoneração do cargo. ?Nós temos, no governo, o compromisso com a moralidade, com os princípios e com a defesa do interesse público, da transparência de todos os atos. A determinação do presidente é coerente com esses princípios que movem a nossa trajetória e movem também o atual governo?, afirmou Rebelo.

Ele disse que Lula tomou conhecimento das denúncias pela imprensa. ?Naturalmente, diante de um episódio desse, o presidente da República reage com indignação e quer ver o caso investigado e esclarecido?, afirmou. Waldomiro é um antigo colaborador do ministro-chefe da Casa Civil, José Dirceu. Ultimamente, assessorava o ministro Aldo Rebelo.

Thomaz Bastos anunciou ter pedido formalmente a abertura de inquérito à Polícia Federal. O delegado responsável pelas investigações deverá ser indicado ainda hoje. ?As investigações serão feitas de forma ampla, para captar toda a realidade na sua espessura e densidade, identificando as articulações que tenham sido feitas em torno desse fato divulgado pela revista?, disse Bastos.

Segundo Bastos, se forem identificadas questões que dizem respeito à polícia judiciária estadual, elas serão transferidas aos responsáveis, mas as primeiras investigações serão feitas pela Polícia Federal. ?O nosso compromisso com a transparência e a nossa intolerância com a corrupção nos levaram imediatamente a essa decisão. Eu abri o inquérito na Polícia Federal para verificar todos os aspectos da questão. Nesse primeiro momento, a determinação ao diretor-geral da Polícia Federal foi que ele fizesse um inquérito com as melhores equipes que ele dispõe para apurar tudo aquilo que se relacione a essa denúncia da Época?, afirmou.

Questionado sobre a possibilidade de o Congresso Nacional abrir uma Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) para investigar a denúncia, Rebelo afirmou que essa é uma decisão que cabe aos parlamentares. ?Ao governo não cabe estimular ou frear qualquer tipo de ação do Congresso, que é um poder soberano. Mas o Congresso, em todos os momentos em que foi desafiado, soube dar sua contribuição e cumprir suas missões constitucionais?, afirmou. O ministro garantiu que o governo levará a apuração deste fato ?às últimas conseqüências?.

A matéria da ?Época? traz uma gravação onde Waldomiro Diniz aparece pedindo dinheiro para a campanhas eleitorais do PT _ além de propina para ele mesmo _ a um bicheiro do Rio de Janeiro, o também empresário Carlos Augusto Ramos. O vídeo foi gravado em 2002, período em que Waldomiro presidia a Loteria do Estado do Rio, a Loterj, durante o governo da ex-ministra da Assistência Social, Benedita da Silva.

De acordo com a denúncia, Waldomiro teria negociado contribuições mensais de R$ 150 mil para Benedita, então candidata ao governo do estado, e para Rosinha Matheus, eleita pelo PSB e, hoje, no PMDB. Ele ainda pediu 1% dos valores, a título de comissão pessoal.

À ?Época?, Waldomiro admitiu, ainda, ter repassado parte do dinheiro arrecadado (R$ 100 mil) ao comitê de campanha de Geraldo de Magela, candidato do PT derrotado na briga pelo governo do Distrito Federal. Ele deverá dar uma coletiva à imprensa hoje à tarde, em Brasília, para falar sobre o assunto.

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