Lula deixa Rússia sem obter compromisso claro do G-8

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva deixa São Petersburgo, por volta das 19 horas de hoje (12 horas, em Brasília), sem alcançar claramente seu objetivo de extrair dos chefes de Estado do G-8 (grupo dos países mais ricos do mundo) o compromisso de tomar as decisões políticas necessárias para a conclusão da Rodada Doha da Organização Mundial do Comércio (OMC)

Apesar de seu enfático discurso em favor de "firme impulso político e instruções renovadas" dos líderes a seus negociadores o máximo obtido dos seus "colegas" foi a orientação, em um documento adicional, para que os seus negociadores trabalhem "construtivamente" para concluir os pré-acordos sobre agricultura e indústria

Embora os termos sejam próximos, na verdade guardam uma grande distância entre si. O que o documento expressa é uma aguada posição, conveniente para qualquer dos lados. Lula concentrou sua participação no encontro, hoje, na argumentação de que os Estados Unidos, a União Européia e os países em desenvolvimento devem fazer concessões mais amplas do que as que estão sobre a mesa de negociações, com base em decisões políticas que possam, eventualmente, desagradar setores internos e eleitores

Isso significaria um corte maior que 53% no pacote total de subsídios americanos, o detalhamento da proposta européia de abertura de mercado agrícola e um corte maior nas tarifas industriais e no acesso na área de serviços pelo Brasil e seus aliados do G-20

De acordo com o relator do encontro, Sergey Prikhodko, os 13 chefes de Estado reunidos no complexo do Palácio Constantino, em São Petersburgo, respaldaram a decisão prévia do G-8, de ontem, de conceder o prazo de um mês para o diretor-geral da OMC, Pascal Lamy, concluir as consultas necessárias para a finalização dos pré-acordos. A rigor, haverá postergação de apenas 17 dias, além do prazo anterior, que expiraria em 31 de julho

O documento adicional apela a todos os parceiros a fazerem os compromissos necessários para a conclusão da Rodada até o final de 2006. Também foi incluída nesse texto a reafirmação da dimensão de desenvolvimento da Rodada e da necessidade de incrementar a participação dos países em desenvolvimento, inclusive com o aumento das trocas Sul-Sul e dos acordos de integração regional

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