O presidente Luiz Inácio Lula da Silva defendeu hoje o ministro da Fazenda, Antonio Palocci, acusou a oposição de desejar que o País chegue ao fim do ano em situação muito ruim e apelou aos adversários políticos para que deixem o governo em paz. "Pelo amor de Deus, permitam que a gente conclua o nosso trabalho", disse, num pedido explícito aos opositores, ao fim de uma cerimônia alusiva às obras de recuperação e modernização do Porto de São Francisco do Sul (SC). "Não atrapalhem porque quem vai perder vai ser o povo trabalhador desse País", reclamou, lembrando que "é justo e democrático fazer oposição, mas política tem de ser feita com sabedoria, inteligência, serenidade e não com o esôfago".
Durante o discurso, Lula voltou comparar a situação que vive com a época do presidente Juscelino Kubitschek, mostrada na minissérie "JK", que a Rede Globo de Televisão exibe. "Se (aquele momento) fosse transportado para hoje, vocês iam perceber que é a mesma coisa", afirmou. "Tem um tipo de político que quer trabalhar e tem um tipo que não quer que você faça", afirmou.
Ele disse que o mesmo tipo de gente que acusava JK de todas as "infâmias" ataca a gestão dele desde 2005. "Se for feito um DNA político e ideológico (deles), é a mesma coisa." Lula afirmou que enfrenta as acusações de corrupção contra a administração federal e Palocci com paciência. "Tem de contar até dez, pensar muito em Deus e sempre acreditar que a verdade vai aparecer", ressaltou.
Para o presidente, o comportamento da oposição, que pede a saída do ministro da Fazenda desde que o caseiro Francenildo dos Santos Costa, mais conhecido como "Nildo", sustentou que ele freqüentava uma mansão de Brasília onde havia distribuição de dinheiro, deve ser entendido como uma tentativa de mexer na economia para o País ficar numa situação ruim. Lula não concluiu o raciocínio que apresentava, mas deixou subentendido que isso renderia votos aos adversários. "Se o Brasil estiver bem, todos estarão bem", destacou. "Mas, se o Brasil estiver mal, alguns vão estar bem e eu já sei nas costas de quem vai arrebentar, é nas costas do povo desse País outra vez."
Antes de elogiar Palocci, o presidente preparou o terreno, citando obras de infra-estrutura que o Poder Executivo fez, ampliação das exportações, queda do risco País, superávit em conta corrente e na balança comercial, economia de US$ 900 milhões (R$ 1,90 bilhão) com pagamento da dívida de US$ 15,6 bilhões (R$ 32,88 bilhões) com o Fundo Monetário Internacional (FMI). ‘ "Consertar o Brasil, do jeito que nós pegamos, se não fosse Deus e vocês, a gente não agüentaria", disse, obtendo a cumplicidade do público.
"Eu devo muito, mas muito de tudo o que nós fizemos a um homem chamado Antonio Palocci", reconheceu. "Ele ganhou respeitabilidade no mundo inteiro pela sobriedade e pela seriedade no trato das questões econômicas", avaliou, para lembrar que, na política econômica atual, o Executivo só gasta aquilo que tem. "O País deixou de ser um País de aventuras eleitorais porque, na época das eleições, promete-se tudo, gasta-se o que não tem, e depois o povo paga o preço."