Lula defende Chávez e oferece intermediação a Uribe

Ante os alertas feitos por Washington contra ações autoritárias e antidemocráticas do governo da Venezuela, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva defendeu hoje (29) seu aliado Hugo Chávez, afirmando que não aceita "difamações" e "insinuações contra companheiros". A defesa de Chávez ocorreu durante o encontro dos presidentes do Brasil, da Colômbia, da Venezuela e da Espanha, realizado em Ciudad Guayana.

Durante o encontro, Lula procurou dar ao presidente da Colômbia, Álvaro Uribe, explicações sobre a suspeita de que a campanha eleitoral do PT, em 2002, teria recebido financiamento das Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia (Farc), de acordo com reportagem da Revista Veja. Lula disse que não levou a sério essa denúncia. Entretanto, voltou a colocá-la no centro das atenções durante a reunião, que teria no combate ao terrorismo um de seus principais temas.

O encontro dos presidentes era destinado originalmente a consagrar a paz entre a Colômbia e a Venezuela, depois dos atritos gerados entre ambos pela iniciativa do governo colombiano de capturar, em dezembro do ano passado, em território venezuelano, o guerrilheiro Rodrigo Granda, conhecido como o chanceler das Farc. Lula aproveitou a presença de Uribe para convencê-lo que a denúncia feita pela revista Veja, há duas semanas, "era antiga" e "sem fundamento".

Em tom conciliador, ele insistiu ainda em expor sua intenção de colaborar no diálogo entre o governo da Colômbia e as Farc, se houver convicção do benefício dessa intermediação em Bogotá. "Havia duas acusações contra mim em 2002: que eu ia transformar o Brasil em uma Venezuela, porque havia muitos conflitos aqui, e que eu estava sendo financiado pelas Farc", recordou Lula. "Nós não levamos a sério estas denúncias", afirmou. "Estou dizendo isso para explicar uma vez mais a você, Uribe, que o Brasil se coloca à disposição da Colômbia na medida que haja entendimento que o Brasil possa ajudar em algo", completou.

A defesa de Chávez por Lula aconteceu poucas horas depois de seu colega argentino, Néstor Kirchner, ter recebido um telefonema do presidente dos Estados Unidos, George W. Bush. Na conversa, Bush ressaltou sua preocupação com a postura pouco democrática do governo venezuelano e reforçou sua opinião de que é preciso manter um diálogo com Caracas para garantir a estabilidade institucional na região.

Lula declarou, na reunião, que Chávez vem sendo acusado por "pensamentos e comportamentos" que não correspondem a suas reais opiniões e relatou que seu "companheiro" havia alertado várias vezes sobre a necessidade de ter paz para "dar ao povo venezuelano aquilo que ele espera do governo da Venezuela". "Tem muita gente falando mal de nós pelo mundo", queixou-se Lula, referindo-se indiretamente à Casa Branca. "Quero dizer ao presidente Chávez que não tenho nenhuma dúvida em afirmar, em qualquer lugar do mundo, que não aceitamos difamações contra nossos companheiros. Não aceitamos insinuações contra nossos companheiros. Acho que a Venezuela tem o direito de ser um país soberano, de tomar suas decisões", completou.

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