O presidente Luiz Inácio Lula da Silva disse ontem, no final da noite, dar "Graças a Deus" por ter havido um segundo turno, porque agora poderá mostrar a diferença entre os dois projetos, do PT e do PSDB. Entusiasmado com um público de cerca de 15 mil pessoas, Lula chegou a dizer que os tucanos querem privatizar o avião presidencial para passar para amigos o negócio do transporte do presidente.
"Eu agradeço a Deus por termos o segundo turno. Porque parecia tudo muito fácil. Não tinha confronto de idéias, as pessoas estavam achando que eu ia ganhar no 1º. Turno. Não estava bem claro o que estava em disputa nesse pais", afirmou Lula, acrescentando que a diferença não é entre ele e Alckmin. "O que está em disputa são dois projetos distintos: um projeto que de um lado não conhece o povo pobre desse país. Um projeto que durante oito anos venderam todo o patrimônio público construído durante um século pelo povo brasileiro".
Lula voltou a acusar os tucanos de quererem privatizar a Petrobras, o Banco do Brasil, a Caixa Econômica Federal, os Correios e "adjacências". Lula pediu "cuidado" a seus eleitores "Vocês viram no debate, ele (Alckmin) quer privatizar até o avião do presidente. Certamente porque eles tem alguém que tem uma empresa de aviação para alugar um avião e ganhar dinheiro", acusou.
Em um palanque que dividiu com o deputado federal Paulo Rocha (PT-PA), um dos envolvidos no escândalo do mensalão, e o deputado federal Jader Barbalho (PMDB-PA), que chegou a ser preso por suposto envolvimento em irregularidades na extinta Superintendência de Desenvolvimento da Amazônia (Sudam), Lula disse que tucanos "não produzem, só destroem". Falando da ave símbolo do seu principal rival, o PSDB, Lula afirmou que tucanos são "predadores", como o partido. "Nós sabemos que tucano é uma ave predadora. Ele vai no ninho dos outros comer os filhotes, ele não produz, destrói. É como o PSDB fez no País", afirmou.
Lula chegou com quase três horas de atraso a Belém do Pará, depois de fazer outros dois comícios no dia. Mas os presentes, entusiasmados, não desistiram mesmo depois de dezenas de discursos de deputados estaduais, federais e prefeitos que o apóiam na região. Quando Lula chegou foi recebido por um coro cantando LulaLá, o velho grito de guerra do PT.
No final, o presidente pediu um presente no seu aniversário, no próximo dia 27 de outubro: que o povo saia às ruas. "Nós não podemos mais sair da rua. Temos que ocupar cada esquina, cada rua, de cada vila", pediu. "Eles (os tucanos) não brincam em serviço. Se a gente der mole eles vão querer ganhar no tapetão".