O presidente Luiz Inácio Lula da Silva criticou a redução da maioridade penal de 18 para 16 anos de idade, tema que está sendo discutido no Congresso Nacional desde a semana passada, após a morte do garoto João Hélio, no Rio de Janeiro. "Se a gente aceitar a diminuição da idade para puni-lo (o agressor de João Hélio, menor de idade) para 16 anos, amanhã estarão pedindo para 15 anos, depois para 9 anos, depois para 10 e depois, quem sabe algum dia até para o feto, se já soubermos o que vai acontecer no futuro", discursou o presidente durante a inauguração da nova unidade da Atento, empresa do Grupo Telefonica, no bairro do Belém, na Zonal Leste de São Paulo.

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De acordo com o presidente da República, os agressores de João Hélio não são a cara do Brasil, mas sim, os trabalhadores da Atento, em sua maioria jovens que obtiveram na empresa o seu primeiro emprego. Em tom paternal, Lula afirmou que o Estado brasileiro tem co-responsabilidade no crescimento da violência no País, pois nos últimos 26 anos não gerou oportunidades de emprego e renda para que seus jovens sejam inseridos no mercado de trabalho. Além disso, o presidente argumentou que a falta de crescimento da economia provocou desesperança nas famílias, incorrendo em desestruturação. Por isso, ele insistiu que o Brasil tem hoje uma oportunidade raríssima de "dar um salto na história", como teve em outras ocasiões e que as oportunidades foram perdidas.

"É preciso que a gente olhe para a frente e veja a revolução que está para acontecer. Até o final deste mandato, os 6 mil municípios brasileiros terão internet em banda larga e as cidades pólo contarão com escolas técnicas e extensões universitárias", prometeu. Segundo ele, o momento é de que toda a sociedade, empresários, trabalhadores e governo criem oportunidade para expansão da economia e de inserção no mercado de trabalho. "A regra deste País não é a barbárie de um jovem que mata uma criança", reiterou.

O presidente Lula deixou há pouco o local do evento sem falar com a imprensa e segue, neste momento, para São Bernardo do Campo. A assessoria de imprensa da Presidência da República informou que apenas amanhã o presidente decidirá onde vai passar o feriado de carnaval.

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