Lula critica detratores dos defensores do meio ambiente

O presidente Luis Inácio Lula da Silva, assim como o governador Roberto Requião, criticou aqueles que classificam os defensores do meio ambiente ? líderes de movimentos sociais e governantes – de ?populistas, retrógrados ou reacionários?. ?Temos sido chamados de populistas, loucos, retrógrados, reacionários. Mas se não fossem aqueles que há 20, 30, 40 anos já lutavam pelas causas ambientais, se não tivéssemos começado e seguido em frente com essa luta, não teríamos conquistado avanços em algumas questões?, disse o presidente, no discurso de abertura da reunião plenária de ministros, da 8ª Conferência das Partes da Convenção sobre Diversidade Biológica (COP 8), na manhã desta segunda-feira (27), em Curitiba.

Na avaliação de Lula, os eventos internacionais sobre biossegurança e biodiversidade que vêm sendo realizados há três semanas na região de Curitiba são uma boa oportunidade para que os defensores das causas ambientais não só condenem o agravamento de determinadas questões, mas que principalmente reconheçam o quanto já se progrediu. ?Sabemos que depois da Rio 92 assinamos muito protocolos, que muitas vezes não deixam de ser meros protocolos. Mas, o que era discutir meio ambiente na década de 80? Éramos meia dúzia, jovens alucinados por políticas de Estado. Hoje, a dimensão dessa discussão é bem maior, muito já fizemos?, observou o presidente.

Lucro a qualquer preço – A busca insana por lucros por parte das companhias transnacionais dos países desenvolvidos, tratada pelo governador Roberto Requião em seu discurso, também foi abordada pelo presidente Lula em suas declarações na abertura da reunião. Essa corrida por mais ganhos a qualquer custo e as conseqüências dela ?danos ao meio ambiente, miséria, desigualdade social ? foram destacadas pelo presidente. ?A cumplicidade da injustiça social com o consumo extravagante de poucos marcou o rosto do século XX e atingiu seu limite de saturação. Não é aceitável que os países mais pobres continuem a sofrer o principal ônus da degradação ambiental resultante de padrões insustentáveis de produção e consumo determinados pelas nações industrializadas.?

A diminuição do papel do Estado na formulação de políticas públicas, decorrência da expansão do neoliberalismo, foi outro aspecto mencionado pelo presidente como responsável pelas mazelas sócio-ambientais da atualidade. ?Um em cada três habitantes do mundo urbano mora em favelas e 150 milhões de imigrantes abandonaram seus países porque foram deixados de lado pelo Estado e por mercados locais espremidos pela globalização?, salientou Lula, que apresentou ainda outro dado: o de que, nos últimos 40 anos, aumentou a distância entre ricos e pobres. ?Em 1960 a diferença entre a renda dos 20% mais ricos e os 20% mais pobres era de 30 vezes; hoje é superior a 70 vezes.?

Para modificar esse quadro, de acordo com o presidente da República, fazem-se necessárias não só ações dos governos, como da sociedade em geral. As palavras de Lula vão ao encontro da valorização dos movimentos sociais, defendida por Requião. ?Caberá à democracia, com a participação social cada vez mais intensa, e à consciência ambientalista, cuidar da trajetória para evitar a continua colisão entre as nossas carências e os nossos excessos?, afirmou o presidente. ?Estamos fazendo com que todos os setores do governo e da sociedade compartilhem esta responsabilidade.?

Antes de iniciar o discurso oficial, o presidente Lula agradeceu o apoio que o Ministério do Meio Ambiente tem recebido tanto do governo do Estado como da prefeitura de Curitiba, na organização das conferências sobre biodiversidade. ?A pedido da companheira Marina Silva (ministra), faço um agradecimento ao governador Requião e ao prefeito Beto Richa, pelo tratamento carinhoso e excepcional.?

Ministro das Relações Exteriores e diretor das Nações Unidas elogiam discussões na COP. O diretor executivo das Nações Unidas para assuntos de meio ambiente, Klaus Toffler, e o ministro das Relações Exteriores do Brasil, Celso Amorim, também discursaram na abertura da reunião de ministros da COP 8, e elogiaram as discussões que vêm sendo realizadas durante toda a conferência, entre representantes das mais diversas nacionalidades. ?A participação pessoal do presidente Lula é um reconhecimento dessa importância?, frisou Amorim.

Klaus também agradeceu a presença do presidente, e reforçou que as lutas por causas ambientais devem ser cada vez mais intensificadas. Para o diretor das Nações Unidas, os resultados das discussões no COP trarão grandes avanços.

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