O presidente Luiz Inácio Lula da Silva comparou sua campanha eleitoral e seu primeiro mandato ao de Hugo Chávez, da Venezuela especialmente em relação às críticas que disse ter sofrido da imprensa e de outros "setores preconceituosos da sociedade". "Conheço um pouco a trajetória política do presidente Chávez. Assim como você, Chávez, eu fui vítima de incompreensão e de preconceito das pessoas que governaram o Brasil por séculos e que não admitem que alguém que queira cuidar do povo seja eleito", afirmou Lula, em discurso durante inauguração de uma ponte rodoferroviária sobre o Rio Orinoco, na Venezuela, construída pela Odebrecht.
Durante seu discurso, Lula desempenhou o papel de cabo eleitoral de Chávez, que logo depois falou para uma platéia de cerca de 30 mil pessoas. O evento transformou-se em um eufórico comício, no qual a maioria das pessoas gritava slogans da campanha de Chávez e vestia camisetas e bonés vermelhos. Lula defendeu que os segundo mandato de ambos deverá levar em conta a prioridade das reivindicações do povo, que será mais exigente em relação a seus governos.
Durante sua fala, Lula foi especialmente ácido em relação à imprensa brasileira. Lembrou que em sua primeira visita à Venezuela, em 2003, saiu impressionado com o comportamento da imprensa venezuelana, que agredia abertamente o presidente da República. "Jamais imaginei que isso seria possível no Brasil. Mas aconteceu o mesmo, querido companheiro, o que me levou a consolidar a minha consciência de que estamos no caminho certo", disse. Lula não se limitou a mencionar sua aliança com Chávez.
Incorporou também ao mesmo grupo de presidentes, o argentino Néstor Kirchner, o uruguaio Tabaré Vazquez, a chilena Michelle Bachelet e o boliviano Evo Morales. Lula destacou que todos têm que trabalhar para a integração sul-americana, porque não há saída individual para os países da região.