O maior nó da reforma ministerial não foi acomodar o apetite do PMDB por cinco ministérios nem a relutância do PT em ceder pastas. O presidente Luiz Inácio Lula da Silva até agora não conseguiu arranjar um nome para substituir o ministro Luiz Fernando Furlan no Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior. Lula já sondou sem sucesso o acionista maior da siderúrgica Gerdau, Jorge Gerdau e o presidente da Embraer, Maurício Botelho. Na bolsa de apostas, agora, surgiu o nome de Antoninho Marmo Trevisan, amigo pessoal de Lula.
A dificuldade de se encontrar um empresário disposto a assumir o cargo não tem explicação apenas na questão salarial, como fez supor Lula, semana passada. Trata-se de um ministério sem poder político que vive como um satélite do ministério da Fazenda. Não tem autoridade, sequer, para indicar seu braço operador da política industrial, o presidente do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES).
Furlan tentou o comando do Banco e não conseguiu. Passou os quatro anos do primeiro mandato exercitando o jogo de cintura com o ministério da Fazenda para avançar nas medidas de interesse do setor privado, principalmente as relativas a desoneração de impostos.
Furlan não quer continuar ministro e promete ficar apenas por um mandato tampão. O figurino para o cargo sugere ainda uma dose suficiente de paciência com a burocracia estatal, uma questão que não é tão simples. Outros ocupantes do cargo, como o banqueiro Alcides Tápias, no governo Fernando Henrique, não escondiam o desconforto com a lentidão do processo de decisão no governo.