O saldo comercial de US$ 5,011 bilhões de julho foi considerado "demasiado" pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Foi o que revelou o ministro do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior, Luiz Fernando Furlan, durante a solenidade de abertura do fórum Desenvolvimento Empresarial para o século XXI, promovido pela Confederação Nacional da Indústria (CNI).
Ele contou à platéia de empresários que telefonou a Lula para comunicar o bom resultado da balança. O presidente teria, então, comentado que saldos comerciais na casa dos US$ 4 bilhões a US$ 5 bilhões, como os ocorridos em junho e julho, "talvez sejam demasiados, porque o aumento das exportações pressupõe o aumento das importações".
Por trás do comentário do presidente está a preocupação com o fato de as importações não estarem crescendo. Ao contrário do que ocorria até o início dos anos 90, quando o importante era ter saldos comerciais elevados, atualmente o que conta é o comércio vigoroso nas duas mãos.
Importações baixas podem indicar retração nos investimentos, com menos compra de máquinas no exterior. "É surpreendente que as importações não estejam crescendo mais, com o dólar tão convidativo", disse Furlan.
O ministro reafirmou a meta do governo de elevar o valor da corrente de comércio (soma de exportações e importações) para o equivalente a 30% do Produto Interno Bruto (PIB). Atualmente, disse ele, a corrente corresponde a 14% do PIB. O comércio nas duas mãos é um indicador de peso na avaliação do risco-país.
Para elevar o volume de comércio do Brasil, defendeu Furlan, é preciso que a imagem do País no exterior mude. Na sua avaliação, a economia brasileira é diversificada, com setores de alta tecnologia "que fazem inveja" a vários outros países. "Mas nossa imagem no exterior ainda é antiga", afirmou. De acordo com Furlan, o Brasil ainda é visto como o país o País do samba, café e Pelé. Essa imagem, segundo o ministro, não é má, mas pertence ao século passado.
Crise
O ministro afirmou esperar que "essa turbulência política não afete o ânimo do setor produtivo". Ele pediu aos empresários que não se esqueçam que os fundamentos da economia continuam sólidos.
"Não podemos perder o rumo", defendeu. Furlan admitiu que "nossa cabeça está imersa em questões conjunturais pelo bombardeio que estamos sofrendo". Ele ressaltou a importância do evento de hoje, que tratava de modernização das empresas. "Esse é um evento que trata de coisas estruturais, que poderão contribuir para a mudança do País nos próximos anos".