O presidente Luiz Inácio Lula da Silva disse hoje que a questão ambiental integrará a pauta do encontro que ele terá com o presidente americano George W. Bush, no próximo dia 9 de março, em São Paulo. O tema também será discutido na reunião do G-8 (os sete países mais ricos e a Rússia), em julho, na Alemanha, para a qual o governante brasileiro foi convidado

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Em entrevista ao Programa Café com o Presidente, da Radiobras, Lula antecipou a posição que pretende defender nesses encontros: "Os países pobres não podem aceitar a tese dos países ricos apenas de que eles criam um fundo para ajudar os países que não desmatam. Ou seja, nós não desmatamos e eles continuam poluindo o planeta. O que nós queremos é, além de preservar as nossas matas, que é obrigação nossa para melhorar a garantia de vida do nosso povo, explorar floresta da forma mais civilizada possível com o manejo correto da floresta e, ao mesmo tempo, fazer uma forte cobrança para que os países ricos diminuam a emissão de gás carbônico.

O presidente admitiu que é difícil sensibilizar os países mais ricos, responsáveis pela emissão de 70% de gás carbônico no planeta, a reduzirem a poluição. "Não é uma coisa fácil porque isso tem uma ligação direta com a questão econômica de cada país", comentou Lula que em seguida citou um estudo da Embrapa comparando os porcentuais de vegetação existentes no mundo: "Só para ter uma idéia, a Europa inteira hoje tem apenas 0,3% da mata que ela tinha há oito mil anos atrás. O Brasil tem 69%. A América do Norte toda tem 32% por causa do reflorestamento do Canadá para produzir papel e celulose. Então, o Brasil tem autoridade moral e política para exigir que os países ricos, em vez de ficarem produzindo protocolos que depois não assinam, cumpram com a sua obrigação de despoluir o planeta. Nós faremos a nossa parte, agora, é preciso que eles façam a deles.

Lula voltou a destacar o potencial do Brasil para o desenvolvimento de fontes alternativas energéticas, ressaltando a tecnologia da produção de álcool que nenhum outro país detém. "Nós estamos hoje não apenas produzindo 16,5 bilhões de litros de álcool no Brasil e utilizando 23% de álcool na gasolina, como nós estamos numa frente de trabalho muito forte do governo e dos empresários na tentativa de convencer o mundo desenvolvido a colocar álcool na gasolina para diminuir a emissão de gases que tanto poluem o planeta Terra e tanto preocupam os países do mundo e preocupam os ambientalistas.

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O presidente mencionou ainda a produção do biodiesel, "à base de mamona, à base de pinhão manso, à base de dendê, à base de girassol, à base de caroço de algodão, à base de soja". Segundo Lula, o desenvolvimento sustentável, defendido pela ministra do Meio Ambiente, Marina Silva, "é possível, necessário e inteligente". Ele citou como exemplo a construção da BR-163, que liga Santarém, no Pará, a Cuiabá, no Mato Grosso. "Em torno dela tem um projeto de exploração da floresta que pode gerar até 100 mil empregos com manejo correto da floresta, você podendo tirar as árvores e, ao mesmo tempo, tendo a obrigação de plantar outras árvores. Você vai poder utilizar a floresta com mais inteligência, com mais sabedoria, e você vai poder manter a floresta praticamente intacta, tirando apenas aquilo que você pode tirar e replantando aquilo que você tirou", prometeu.