Greve de servidor público não pode ser feita como se fosse greve de trabalhador de fábrica. Para estabelecer essa diferença e não permitir que os funcionários façam greves de até cem dias como se estivessem "de férias", o presidente Luiz Inácio Lula da Silva confirmou nesta terça-feira (15) que o governo vai encaminhar ao Congresso um Projeto de Lei Complementar para regulamentar as paralisações no serviço público. "Eu quero apenas responsabilizar o direito de greve".

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Lula confirmou, durante a entrevista coletiva concedida nesta terça-feira no Planalto, que o governo vai fazer a regulamentação e, ao mesmo tempo, garantir o direito do contrato coletivo de trabalho da categoria. O presidente disse que, como ex-líder sindical, que comandou tantas greves históricas no País, não se sente constrangido de apresentar este tipo de proposta porque entende que a greve no setor público "tem de ser decida com mais seriedade, sabendo que não são férias, que você vai perder os dias em que você não trabalhou".

Outro argumento do presidente em favor da regulamentação foi de que "no caso do servidor público não tem patrão e o prejudicado, na verdade, não é o governo, é o povo brasileiro", declarou ele, justificando que, no setor privado, a greve é para dar prejuízo ao patrão. Quando há greve em hospital, transporte público e escola, por exemplo, afirmou, "quem sai perdendo é a parte pobre da população".

O projeto de regulamentação do direito de greve, preparado pelo governo está sob análise da Casa Civil, desde ontem. Na entrevista, Lula garantiu que o seu texto será discutido com as centrais sindicais. Só que, desde já, advertiu que "o que não é possível, e nenhum brasileiro pode aceitar, é alguém fazer 90 dias de greve e receber os dias parados, porque, aí, deixa de ser greve e passa a ser férias".

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