O presidente Luiz Inácio Lula da Silva disse que mudar a postura política no decorrer dos anos é algo que faz parte da evolução da espécie humana. Como exemplo, citou a mudança de atitude em relação ao deputado federal Delfim Netto (PMDB-SP), que foi ministro durante o regime militar. ?Passei vinte e poucos anos criticando o Delfim e hoje sou amigo dele?.
Discursando para uma platéia de empresários em São Paulo, onde recebeu o prêmio Brasileiro do Ano da Revista IstoÉ, o presidente relembrou a história de crescimento brasileiro, citando como exemplos o governo Juscelino Kubitschek e o regime militar. Neste contexto, disse que até hoje ninguém fez o país crescer sem provocar inflação ? como ele se propõe a fazer no segundo mandato ? e mencionou a mudança de seu posicionamento político como condição para levar adiante este projeto.
?Acho que a evolução da espécie humana é assim. Quem é mais de esquerda vai ficando mais de direita. Quem é mais de direita vai ficando mais social-democrata, mais de centro. E as coisas vão confluindo de acordo com a quantidade de cabelos brancos que você tem e a responsabilidade. Não tem outro jeito", afirmou Lula. "Se você conhecer uma pessoa muito idosa esquerdista, é porque ela está com problema. Se conhecer uma pessoa muito nova de direita, é porque também está com problema". A platéia caiu no riso e aplaudiu.
O presidente reafirmou que está buscando, junto aos ministros, ?destravar? o Brasil, para que o país possa crescer mais e com inflação baixa. ?O passo seguinte vai ser crescimento econômico, com desenvolvimento, distribuição de renda e educação de qualidade. E espero estar vivo para, daqui a quatro anos, vocês me darem o prêmio de brasileiro que cumpriu com as palavras assumidas durante a campanha?.
Lula defendeu que para o Brasil crescer, é preciso, sobretudo, gerar mais empregos, fortalecer a democracia, ter sindicatos e um Congresso fortes e uma imprensa livre. E não perder de vista, sobretudo, a manutenção da baixa inflação. ?Se deixarmos a inflação voltar a dois dígitos, ela vai para três, porque os mesmos que brigam a vida inteira contra a taxa de juros não brigam contra o aumento da inflação. Até porque no Brasil tem gente que ganha com a inflação, e certamente não são os trabalhadores brasileiros?, disse.