O presidente Luiz Inácio Lula da Silva disse que o Brasil vive "um momento (econômico) extraordinário contraditório". De um lado, segundo ele, o governo adota uma "política monetária dura", com juros altos, para segurar a demanda e controlar a inflação. Mas, de outro lado, há uma "forte política de crédito" no País, com a expansão de linhas de financiamento à Pessoa Física, como o crédito consignado.
O comentário de Lula faz parte de uma entrevista ao "Repercute", programa jornalística da Central Única dos Trabalhadores (CUT), que vai ao ar no sábado, às 22h, na TV Bandeirantes. Lula foi entrevistado por Luiz Marinho, presidente da CUT. "É que de um lado você aumenta os juros para tentar conter a demanda, do outro se injeta dinheiro na economia via crédito consignado", afirmou Lula.
Na tarde de hoje (28), a assessoria de imprensa da CUT divulgou uma transcrição com alguns trechos da entrevista, que aborda a ampliação do Conselho Monetário Nacional, aumento do salário mínimo e taxa de juros. A declaração do presidente da República foi dada em resposta a uma proposta de Marinho, de que vários setores fossem chamados para uma entendimento que controlasse a inflação. "Se alguém quiser chamar de pacto, que chame. Se alguém não quiser chamar, que não chame. Não importa. Mas o dado concreto é que se nós quisermos controlar a inflação, em função das coisas que você disse aqui, é preciso mais do que juros", respondeu Lula.
Em outro trecho da entrevista, o presidente da República destacou que o crescimento econômico está sendo puxado tanto pelo bom desempenho das vendas externas, como pela recuperação do mercado doméstico. Para Lula, é importante notar que, neste momento, " não há uma contradição entre o crescimento das exportações e o crescimento do mercado interno". "Se você pegar os dados do mercado interno varejista verá que continua crescendo, as pessoas continuam comprando e eu acho que nós queremos construir Marinho uma política que torne o modelo sustentável por um ciclo de quinze ou vinte anos que não seja uma coisa mais, como nós dizemos no interior ‘temporão’, uma coisa que aparece e depois desaparece, como nós já fomos pegos de surpresa muitas vezes, muitas vezes", afirmou o presidente da República.
Na entrevista, Lula já sugeriu aos aposentados e trabalhadores que fazem empréstimos que "não aceitem pagar juros altos". "Eu vi outro dia banco cobrando 7%. Sete por cento ao mês dá mais de 100% ao ano, então não aceite isso. Você pode até mudar a sua conta, ou seja, deixe de receber em tal banco e proponha mudança para um banco que ofereça juros mais barato", disse Lula, dando a mesma sugestão sobre "levantar traseiros da cadeira" em busca de juros menores.