O presidente Luiz Inácio Lula da Silva afirmou, ontem à noite, em São Paulo, que está na hora de o Brasil ?parar de ser chamado de país em vias de desenvolvimento?. Presente à cerimônia de abertura do 23º Salão Internacional do Automóvel, Lula discursou para uma platéia com dezenas de empresários do setor automotivo. E foi enfático: ?Já estamos maduros, adultos e queremos logo ser tratados como um país em desenvolvimento capaz de competir em igualdade de condições com qualquer potência econômica do mundo?.

O presidente afirmou que o Salão do Automóvel, maior mostra do setor na América Latina e 5º maior evento do mundo em veículos expostos, ?demonstra o potencial de nosso país?. O salão, que será aberto hoje ao público e espera receber 500 mil visitantes até o dia 31 deste mês, reúne 140 expositores e cerca de 400 modelos de montadoras nacionais e internacionais, entre elas Ferrari, Maserati, Ford, Peugeot, BMW, Citroën, Mercedes-Benz, além de mais de uma dezena de blindadoras, fabricantes de peças e acessórios.

?Estou encontrando aqui companheiros com quem já tive grandes desentendimentos na década de 70?, lembrou Lula, referindo-se ao período em que era metalúrgico e dirigente sindical no ABC paulista. O presidente disse acreditar numa evolução da consciência negocial de empresários e trabalhadores, lembrou da crise enfrentada pela indústria automobilística nos anos 80 ? que resultou na demissão de centenas de trabalhadores ? e comemorou os atuais números de emprego no país. Lula lembrou que de janeiro a setembro de 2004 foram criados 1,6 milhão de novos postos de trabalho. ?É muito alentador e demonstra recuperação da indústria brasileira?, afirmou.

Antes de Lula discursar, o presidente da Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores (Anfavea), Rogelio Golfarb, havia anunciado a meta do setor de chegar a dois milhões de veículos vendidos no mercado interno ao final de 2006 ? de janeiro a setembro deste ano foram vendidas 1,13 milhão de unidades. Lula considerou a meta baixa. ?Penso que vocês estão pessimistas quando pensam em dois milhões?, disse o presidente. ?A indústria automobilística não pode achar que é difícil chegar à marca dos dois milhões de carros vendidos no mercado interno?, acrescentou.

Lula também falou sobre o potencial exportador brasileiro.?O Brasil definitivamente tomou a decisão de que não vai ser mais coadjuvante na política internacional?. Segundo o presidente, o país tem grande respeito pelos Estados Unidos, pela União Européia, pelo Japão e pela França. ?Mas o mundo é maior que esses mercados. Cabe a nós sair e vender aquilo que temos de melhor?. Ele elogiou o espírito de ?mascate? do ministro do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior, Luiz Fernando Furlan, também presente à abertura do 23º Salão Internacional do Automóvel.

O presidente chamou a atenção para o fato de o Brasil ter criado uma imagem de exportador de produtos in natura: ?Nós é que temos que mostrar o que somos capazes de produzir?, afirmou. ?Hoje, nós exportamos aviões, carros que funcionam a álcool, a gasolina e a gás. Nós temos soja, milho e cana de açúcar, mas temos produtos com alta tecnologia e alto valor agregado. Não temos problema de competir com qualquer país do mundo?.

De janeiro a setembro deste ano, a indústria automobilística brasileira embarcou para o exterior 462,9 mil veículos – mais que em todo o ano de 2002.
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