O presidente e candidato à reeleição, Luiz Inácio Lula da Silva (PT), argumentou hoje que sua mudança de aliado em Santa Catarina "faz parte da dinâmica da política brasileira". Em entrevista à Rádio Gaúcha, de Porto Alegre (RS), Lula lembrou que apoiou o candidato à reeleição ao governo catarinense, Luiz Henrique da Silveira (PMDB), não só na campanha anterior, mas duas vezes para prefeito de Joinville (SC).
"Estranhamente, o Luiz Henrique preferiu nesse momento fazer um acordo com o PSDB", comentou Lula. Ao mesmo tempo, Lula disse que tem "uma relação histórica" com Esperidião Amin (PP), adversário de Luiz Henrique no segundo turno e seu atual aliado, e citou que hoje irá gravar participação em seu programa. "Quando você faz política, você precisa construir seus aliados políticos, você precisa saber quem é que está trabalhando com você ou não, quem vai ser seu parceiro na construção do futuro", afirmou. O presidente disse ainda que "o passado já aconteceu" e é preciso olhar para os próximos anos.
Questionado sobre a situação das finanças do Rio Grande do Sul, Lula lembrou que o governo federal decidiu formar um grupo de trabalho para discutir a dívida renegociada com a União, um dos motivos apontados de estrangulamento das contas estaduais. O grupo foi anunciado pelo ministro da Fazenda, Guido Mantega, em agosto. Lula ressaltou as obras da BR-101, que no passado foi "anunciada em verso e prosa", dizendo esperar que seja uma alavanca para o desenvolvimento da região.
Segundo Lula, no Rio Grande do Sul e em Santa Catarina os investimentos em andamento são principalmente federais, porque os Estados não têm capacidade de endividamento. Embora tenha lembrado do compromisso de discutir a dívida no grupo de trabalho, Lula ressaltou que isso precisa ser feito com critério. "O governo federal não pode, definitivamente, abrir as porteiras para a negociação, porque ele tem que negociar com 27 Estados", alertou.
Lula disse que cada situação deve ser analisada individualmente em busca de alternativas e voltou a aconselhar, no caso do Rio Grande do Sul, a discussão de como resolver o problema a partir do próprio Estado. "Essa é uma discussão que não é fácil de ser feita", avaliou.