O presidente Luiz Inácio Lula da Silva deu início ontem à noite, em reunião no
Palácio do Planalto, à primeira etapa da reforma ministerial com a formalização
do convite ao peemedebistas mineiros senador Hélio Costa, para o Ministério das
Comunicações, e deputado Saraiva Felipe, para o da Saúde, além do atual
presidente da Eletrobrás, Silas Rondeau, para o de Minas e Energia. O anúncio
oficial dos três nomes será feito amanhã cedo, antes de o presidente Lula
embarcar para a Escócia, onde participará, como convidado, do encontro do grupo
de sete países mais ricos do mundo mais a Rússia, o G-8.
Com a definição
desses nomes, a participação do PMDB no ministério de Lula deverá ficar mesmo
com três pastas. Ainda hoje, o partido negociava a possibilidade de ficar com
quatro. A carta distribuída pelo líder do PMDB, José Borba, atacando o governo e
jogando mais lenha na crise, foi decisiva para o presidente Lula encerrar as
conversas e convidar, de uma vez por todas Hélio Costa, Saraiva Felipe e Silas
Rondeau. Assim, o Ministério das Cidades deve continuar na mão do petista Olívio
Dutra. Mas as mudanças nos ministérios em poder do PT deverão ficar para a
segunda etapa da reforma, por enquanto prevista para depois da volta de Lula da
França, em meados de julho.
O ministro da Articulação Política, Aldo
Rebelo, que participou das negociações em que foram definidos os três nomes do
PMDB, de acordo com informações no Planalto, estava dando como encerrada a sua
participação na coordenação política do governo. Rebelo, que é do PC do B,
confidenciou a amigos estar cansado do constante processo de fritura a que
estava sendo submetido e que aguarda a sua transferência para o Ministério do
Trabalho, no lugar de Ricardo Berzoini, do PT, que deve voltar para a Câmara,
embora essa etapa do processo não tenha sido finalizada.
Auxiliares do
presidente davam conta, hoje, de que o presidente Lula segurou Rebelo até o
final justamente para mantê-lo no governo. Rebelo já disse a Lula que não
disputará eleições no próximo ano. Essa é uma das condições exigidas pelo
presidente aos ministros para não afastar do governo ministros que estão sendo
substituídos. Mas há nomes que serão mantidos e poderão sair do governo depois,
como é o caso de Paulo Bernardo, do Planejamento. O certo, porém, é que, até a
noite de ontem, o destino final de Aldo não estava 100% definido.
Pelo
menos por enquanto, o PP, partido do presidente de Câmara, deputado Severino
Cavalcanti (PE), continuará sem representante na Esplanada dos Ministérios. O
líder do partido, deputado José Janene (PR), disse que "há um contentamento da
bancada em ficar fora do governo, neste momento". Segundo ele, os deputados
entendem que o melhor para o partido, agora, é dar "apoio eventual" ao Planalto,
"sem comprometimento".
A avaliação da bancada era de que a participação
em ministérios, neste momento, prejudicaria o partido, que tem chances
eleitorais em Estados importantes, como Rio Grande do Sul e Santa Catarina, onde
a sigla tem problemas de incompatibilidade grave com o PT do presidente
Lula.
As mudanças a serem feitas nos cargos do governo ocupados pelo PT
ainda não estão definidas. A crise que assola o partido teria levado o
presidente Lula a adiar definições de participação do PT no ministério. É que já
se começa a pensar em remanejamento de nomes que estão no governo, como o de
Luiz Dulci, na Secretaria Geral da Presidência, para a cúpula do partido, que
deverá ser totalmente modificada depois da reunião da Executiva petista marcada
para Sábado e Domingo. Assim, o nome de Jacques Wagner para a coordenação
política, apesar de ser dado como certo por vários auxiliares de Lula, poderá
ficar para a segunda etapa da reforma.