O presidente eleito, Luiz Inácio Lula da Silva, anunciou hoje os nomes de mais três integrantes de seu ministério: o presidente do Conselho de Administração da Sadia, Luiz Fernando Furlan, para a pasta de Desenvolvimento, Indústria e Comércio; o embaixador Celso Amorim, para o Ministério das Relações Exteriores, e Roberto Rodrigues, para a Agricultura. Lula confirmou, ainda, a indicação da senadora Marina Silva (PT-AC) para o Ministério do Meio Ambiente.
Assim que anunciou os seus três novos integrantes da equipe, Lula fez algumas recomendações e deu as linhas gerais de como será o seu governo: coletivo e solidário. Segundo ele, no seu governo não haverá predomínio da palavra “eu”, mas do pronome “nós”. Afirmou, também, que cada real arrecadado terá de voltar como forma de benefício para a sociedade.
Segundo Lula, em seu governo não haverá chances para a corrupção e a fome. “Queremos ser agressivos e ousados na política de combate à fome, à corrupção e no gasto do dinheiro público”, disse.
Pressão
“Sou um homem abençoado por Deus, porque não recebi pressão da sociedade e de meu partido para montar o governo”, prosseguiu Lula. Mas os fatos têm mostrado o contrário. Há pressão para influenciar sua equipe por parte de partidos aliados e, principalmente, por parte do PT.
A ala petista mais à esquerda, por exemplo, tem reclamado muito de algumas indicações, a exemplo da nomeação do futuro presidente do Banco Central, o deputado eleito tucano Henrique Meirelles (GO).
Com o anúncio de mais três ministros, feito hoje durante reunião do Conselho de Desenvolvimento Econômico e Social, em Brasília, Lula já tornou públicos os nomes de seis ministros, além do presidente do BC. Os outros ministros conhecidos são Antônio Palocci Filho, da Fazenda, e José Dirceu, da Casa Civil.
Lula disse ter esperanças de que na semana que vem poderá indicar os ministros restantes. Com a divulgação de seu ministério por conta-gotas, ele contraria uma promessa feita anteriormente, desde a campanha eleitoral, de que toda a sua equipe seria anunciada de uma única vez.
Quando fez a promessa, Lula não tinha idéia dos problemas políticos que enfrentaria para montar a sua base de apoio, que deverá ter, além do PT, mais oito partidos: PL, PC do B, PDT, PPS, PSB, PTB, PMN e PMDB. Lula pretendia dar um ministério para cada um dos partidos, mas o PL e o PMDB exigiram mais. Os outros aliados aceitaram a cota mínima.
Desculpa
Lula pediu desculpas à senadora Marina Silva por ter se “esquecido” de anunciar o seu nome ontem, quando comunicou a indicação de Dirceu e do novo presidente do BC. Mas, segundo ele, Marina está com tanto prestígio que foi chamada para ser ministra em Washington. “Vejam que chique. Anunciei a Marina em Washington”, brincou.
Assim que comunicou os nomes dos três novos ministros e de Marina, Lula prometeu que vai prestigiar todos. “Não deixo companheiros no meio da estrada. Vamos enfrentar todas as dificuldades de forma coletiva e solidária”, disse. Em seguida, afirmou que seu governo certamente terá vários bons momentos. Estes, segundo ele, também serão comemorados de forma coletiva e solidária.