Ao confirmar a liberação de R$ 12 bilhões para o Plano Safra 2007/2008, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva anunciou nesta quarta-feira a meta de assentar 100 mil famílias neste ano. O número corresponde à metade das famílias acampadas nas fazendas invadidas e nas margens das estradas. Em encontro com representantes do movimento Grito da Terra, Lula reconheceu que muitos acampados vivem há quase dez anos nas barracas improvisadas, recebendo cestas básicas do governo. "Se a gente não assentar, eles acostumam tanto que acampar vai virar profissão", avaliou. "Não posso terminar o mandato deixando essas pessoas na mesma situação.
O ministro do Desenvolvimento Agrário, Guilherme Cassel, disse que o governo não anunciou uma meta maior de assentados para não criar um "passivo irresponsável". Pessoa próxima de Lula, o presidente da Confederação Nacional dos Trabalhadores na Agricultura (Contag), Manoel dos Santos, elogiou o volume do Plano Safra e reclamou da meta. "O número previsto não é suficiente para acomodar nem mesmo os que estão acampados", afirmou.
Há pouco tempo, o Instituto de Colonização e Reforma Agrária (Incra) anunciou que a meta do governo era assentar 400 mil famílias nos próximos quatro anos. Hoje, o governo limitou a informar a meta para 2007. De janeiro para cá, o Incra assentou 17 mil famílias. O governo também espera assentar outras 20 mil famílias com o crédito fundiário.
Em 2003, o governo anunciou uma meta de 400 mil famílias assentadas no primeiro mandato. Ao final do primeiro governo, teria conseguido atingir 95,3% do índice. Mas, antes do processo eleitoral de 2006, o governo foi criticado por ter assentado apenas 245 mil famílias nos três primeiros anos, número bem inferior a um milhão que o Movimento dos Sem-Terra (MST) reivindicava.