O presidente Luiz Inácio Lula da Silva disse hoje, no programa quinzenal de rádio "Café com o Presidente", que o Bolsa Família "incomoda um pouco" os adversários e prometeu aos pobres mais facilidade no acesso aos financiamentos bancários. Lula fez a declaração em meio aos ataques da oposição à política de transferência de renda do governo.
Na gravação, Lula afirmou que será possível obter empréstimos "sem muita exigência". "A gente poderia denominar 2005 o ano do microcrédito e das cooperativas no Brasil", afirmou. "É por isso que estou muito otimista e acreditando que, neste ano, as coisas irão funcionar melhor." Ele observou que o Bolsa Família atende hoje 6,57 milhões de famílias, beneficiando um total de 25 milhões de cidadãos. A meta, segundo Lula, é atingir 8,7 milhões de famílias até o fim deste ano e, "se Deus quiser", a totalidade das famílias abaixo da linha de pobreza até 2006. "É o mais importante programa de transferência de renda em toda a América Latina", disse.
O "Café com o Presidente" é produzido por uma empresa contratada pela administração federal e veiculado pela Radiobrás. No programa de rádio, o presidente responde a perguntas preparadas com antecedência pela Secretaria de Comunicação e Governo e Gestão Estratégica da Presidência da República e pela equipe de produção. O radialista Luís Fava Monteiro apresenta o programa.
Lula avaliou que a série de exigências de concessão da Bolsa Família não é uma "punição", mas um "benefício" extra para as famílias pouco favorecidas, que são obrigadas a cuidar da saúde e da educação de crianças e mulheres. "Criança pequenininha tem de tomar vacina, criança até 14 anos tem de ir para a escola e mulher grávida tem de fazer o pré-natal para que ela possa ter uma criança sadia e forte." Ao ressaltar que 2005 será o ano do microcrédito, o presidente disse que o Poder Executivo tirou "obstáculos legais" para organizar cooperativas de produção e crédito no País. "Nós estamos facilitando a inclusão bancária de milhões de brasileiros e brasileiras que não tinham acesso ao sistema bancário. Agora, eles podem ter um empréstimo sem muita exigência", afirmou. "Temos o crédito consignado que está possibilitando que milhões de trabalhadores tomem dinheiro emprestado a juros mais baratos, não apenas para pagar sua dívida, mas para comprar alguma coisa nova." Durante o programa, Lula disse que espera continuar a merecer a credibilidade do "povo generoso". O presidente destacou a "solidariedade" dos brasileiros demonstrada na ajuda às vítimas das ondas gigantes na Ásia. "Dá para a gente ver que esse povo tem um coração maravilhoso e uma cabeça maravilhosa e que, por conta disso, (espero que) esse povo continue sendo generoso consigo mesmo, com o Brasil, que cobre o governo quantas vezes quiser cobrar porque nós somos governo para sermos cobrados", disse. "Não tenho mais de dois anos de mandato; quero dedicar cada dia que falta a trabalhar cada vez mais para que o povo possa colher os frutos que ele espera colher." Em um trecho, Lula acrescentou que passou o ano-novo em casa com a família. O presidente ressaltou que terminou 2004 "feliz, alegre, otimista e acreditando que nós vamos ter em 2005 um ano melhor do que tivemos em 2004". "Um ano em que a economia possa continuar crescendo de forma vigorosa e que a gente possa continuar gerando empregos."