Lula: ações ‘que não controlamos’ geraram crise agrícola

O candidato à reeleição a Presidência da República, Luiz Inácio Lula da Silva, disse hoje, em entrevista ao programa "Bom Dia Brasil", da TV Globo, que a crise na agricultura, durante o seu governo, se deve às intempéries "que nós não controlamos". Lula ressaltou, porém, que o financiamento da agricultura este ano "foi o maior da história", em R$ 60 bilhões. Ao ser lembrado da insatisfação dos produtores com o câmbio, Lula reagiu: "obviamente que no Brasil é uma coisa engraçada, quem compra quer um câmbio barato, quem vende quer um câmbio caro, ou seja, o câmbio é flutuante e vai flutuar de acordo com a oscilação do próprio mercado", afirmou.

"O que nós precisamos ter em conta é que a agricultura brasileira é cíclica, e no mundo inteiro. Muitas vezes o preço cai, porque nós estamos com uma superprodução no mundo. Nós não estamos com problemas no café, estamos? Nós não estamos com problema no suco de laranja. Estamos? Nós não estamos com problemas em vários produtos que produzimos neste País. Agora, nós temos problemas em alguns, porque houve excesso de produção, porque houve seca, porque houve praga, e quando houve, o governo brasileiro socorreu", afirmou. "A pergunta que eu faço é o seguinte: por que não se criou o seguro agrícola há 40 anos atrás? Nós criamos agora, para não ficarmos vítimas das intempéries", disse.

Lula disse que o comportamento político de alguns ministros da Bolívia não condiz com a mesa de negociação entre os dois países sobre a questão do gás boliviano e derivados de petróleo."O meu ministro de Minas e Energia, o meu ministro das Relações Exteriores e o presidente da Petrobras têm feito algumas reuniões com a direção do governo boliviano e a história que a gente vê na mesa é uma e na imprensa é outra", afirmou. "Eu confio que a Bolívia tem a exata noção da importância do Brasil para a Bolívia, como o Brasil tem a exata noção do que significa o gás boliviano para o Brasil", ressaltou Lula.

Ele afirmou também que, pessoalmente, gostaria que o Brasil não dependesse do gás boliviano, que passou a fazer parte da matriz energética brasileira em 1998. "Já que faz, eu disse ao presidente Evo Morales: Evo, você não pode ficar com uma espada na cabeça do Brasil, porque você deu o gás, porque nós também podemos colocar uma espada na tua cabeça, porque nós compramos o teu gás. E se não vender para nós vai ser muito difícil vender para alguém" afirmou. "O que o presidente Evo tem me dito é que nós vamos chegar a um acordo e que nós vamos negociar. E eu acredito nisso", disse Lula, justificando que o presidente boliviano tem pouco tempo ainda no poder. Segundo ele, depois das eleições deve trazer Evo Morales ao Brasil ou ele vai pessoalmente a Bolívia, para definir um acordo em torno desse assunto.

Ao ser questionado sobre a situação do PT, que há um ano estava endividado e hoje dispõe de recursos suficientes para a campanha Lula disse que não gosta de insinuações. "O que posso lhe dizer é que minha campanha está cumprindo exatamente com aquilo que nós assinamos de gasto de campanha". "Eu não gosto de insinuações nem para os meus adversários e muito menos para mim" ressaltou. "O que eu quero, na verdade, é que isso venha à tona e em algum momento vai vir", disse Lula, acrescentando que espera que a Polícia faça um julgamento o mais rápido possível sobre o episódio (dossiê). "Não esperem de mim que eu execre alguém antes de ele ser julgado da forma como todo o ser humano tem de ser julgado nesse País". E repetiu: "o que eu posso garantir é que se alguém queria fazer um dossiê para ajudar o PT na verdade não ajuda. Mexer com bandido não dá certo em lugar nenhum do mundo".

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