O presidente Luiz Inácio Lula da Silva comentou na Argentina as denúncias feitas pela Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI) dos Correios de que o Banco do Brasil teria enviado dinheiro ao PT por meio de um esquema envolvendo a Visanet e as empresas de publicidade de Marcos Valério de Souza. Para Lula, essa hipótese seria absurda, mas, de qualquer forma, não se pode condenar ou absolver ninguém antes apurar os fatos.
"Acho um absurdo essa tese e o Banco do Brasil explicou ontem. O que nós precisamos no Brasil é parar com o denuncismo e com insinuações que são desmentidas no dia seguinte", disse.
O presidente conversou rapidamente com jornalistas brasileiros antes de se reunir com o presidente do Equador, Alfredo Palácio. As reuniões bilaterais fazem parte da agenda da IV Cúpula das Américas, em Mar del Plata, na Argentina.
Lula destacou que espera a apuração dos fatos como forma de mostrar a verdade para a sociedade brasileira e repetiu que é preciso ter cuidado com as acusações. "Ou eu aguardo o resultado final e acredito nas instituições que estão trabalhando e depois me pronuncio, ou eu posso cometer injustiças com outros", disse. "E aí eu não posso me queixar daqueles que cometem injustiças comigo."
O Banco do Brasil (BB) afirmou no dia 3 que toda a verba transferida à agência de publicidade DNA foi "exclusivamente como pagamentos por serviços de marketing e comunicação". Em nota divulgada, o BB diz que "não compactua e condena eventuais desvios". Os recursos administrados pelo BB vinham da participação do banco no Fundo de Incentivo ? recursos compartilhados pelos sócios da Visanet na divulgação da empresa.
Segundo o banco, uma auditoria interna detectou que, dos R$ 58,3 milhões repassados pelo banco à DNA para investimento em publicidade, somente R$ 49,2 milhões foram realmente utilizados. O BB diz, na nota, ter notificado a agência extra-judicialmente sobre a diferença de R$ 9 milhões. E aguarda uma resposta para adotar "medidas judiciais cabíveis".
O relator da Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI) dos Correios, Osmar Serraglio (PMDB-PR) disse que as investigações levam a crer que os R$ 9 milhões foram repassados ao PT, por meio de operações do empresário Marcos Valério de Souza com o banco BMG.