O presidente Luiz Inácio Lula da Silva reafirmou, ontem, em São Paulo, que o governo estuda mudanças para reduzir o impacto do real valorizado nas exportações da indústria automobilística. Ele afirmou, porém, que a política cambial não deve mudar
"Há uma torcida cambial inimaginável, mas isso não pode ser feito por decreto ou medida provisória, o mercado é que vai determinar. Mas vamos trabalhar para que ocorra", afirmou Lula, para uma platéia de executivos do setor automobilístico, que comemorava os 50 anos da política industrial que possibilitou o início da produção de carros no País
Mesmo sem ter ouvido qualquer reivindicação direta do presidente da Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores (Anfavea), Rogelio Golfarb, que discursou minutos antes dele, Lula adiantou-se e afirmou: "Não há espaço para chorar". E acrescentou: "Com toda a realidade que temos, a indústria brasileira é vitoriosa.
O presidente elogiou a capacidade de desenvolvimento da indústria brasileira e também a Petrobras, que trabalha no projeto do biodiesel e do H-bio, lançado recentemente.
Lula relembrou seu passado sindicalista e afirmou que os melhores acordos trabalhistas foram feitos com a indústria automobilística e serviram de base para outras categorias.
Ele reafirmou também a necessidade de a indústria investir em engenharia própria para enfrentar a concorrência internacional de países como a China, fazendo coro ao que o presidente da Anfavea havia dito minutos. "Temos de nos preparar para enfrentar o tsunami das indústrias chinesas, indianas e coreanas", disse Golfarb. Segundo o presidente da Anfavea, o Brasil caminha para produzir 2,6 milhões de veículos, um recorde do setor.
O ministro do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior, Luiz Fernando Furlan, também reforçou que a questão cambial está sendo analisada pelo governo e que o próprio presidente Lula "está dando força para que a gente dê maiores condições de competitividade à indústria".