O governador Roberto Requião tomou mais uma de suas atitudes peculiares, traço de sua personalidade agressiva e independente, ao anular o termo aditivo do contrato entre o governo e o Banco Itaú, pelo qual a conta-movimento do Estado ficaria mais cinco anos com a referida instituição.
Está em curso a formulação da abertura de nova licitação para a escolha do estabelecimento bancário que passará a atender os servidores públicos estaduais, forçados a abrir contas no Itaú para fins de recebimento dos salários, aposentadorias e pensões.
A razão invocada pelo governador atende ao imperativo de interromper o que, no entendimento de sua assessoria jurídica, configura absurda lesão ao direito, pois o contrato com vigência até outubro de 2005 teve o aditivo assinado em outubro de 2002. O governo movimenta cerca de R$ 700 milhões por mês no Itaú, mais da metade do valor com a folha de pagamentos do funcionalismo.
Requião está convicto que o Itaú lucrou demais com o excelente negócio da compra do Banestado por R$ 1,6 bilhão, de quebra ficando com o gerenciamento das contas do Estado. Tirante a essência política da quizila (o governador alega que o aditivo foi assinado no momento que sua vitória estava praticamente assegurada), há lógica quando o chefe do Executivo aponta grossa irregularidade no ato do governo anterior.
A elucidação do rompimento do aditivo vem do próprio Itaú, que venceu licitação para gerenciar as contas da Prefeitura paulistana, onde paga R$ 2,5 mil por conta. No caso das contas do governo estadual, o dispêndio do banco é de R$ 100 por conta. Diferença abissal e inaceitável tendo em vista que os custos da instituição devem variar pouquíssimo em ambas as situações.
O ânimo belicista do governador foi despertado quiçá num momento estratégico, quando se avizinha o ano eleitoral e é mister ratificar à população que o Paraná – apesar das dificuldades – não está à deriva.
O cerrado ataque contra as abusivas tarifas do pedágio, a luta pela proibição do embarque de transgênicos em Paranaguá e a solução da sinistrose de algumas rodovias federais no Estado colocam Requião em seu terreno predileto. Não há como negar esse gosto pessoal pelo contraditório, ou imaginar que o governador haveria de recolher as armas.
