A carta do diretor licenciado do Banco de Santa Catarina (BESC) e churrasqueiro do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, Jorge Lorenzetti, à direção do PT repete a estratégia política usada pelo partido, no ano passado, quando foi denunciado o esquema do valerioduto. Para desvincular Lula do escândalo da compra de dossiê e retirar de cena o seu amigo e segurança Freud Godoy, o principal vínculo da denúncia com o Planalto, Jorge Lorenzetti pediu desligamento das suas funções da campanha presidencial e assumiu a responsabilidade pelo episódio. Ele admitiu que extrapolou "o limite de suas atribuições na campanha" ao tratar do dossiê e se pôs à disposição da Polícia Federal e do PT.

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A mesma tática de desvincular Lula desse escândalo, nesta reta final da campanha eleitoral, foi adotada pelos senadores Roberto Saturnino (PT-RJ) e Sibá Machado (PT-AC), os únicos governistas que estavam presentes ontem ao plenário e saíram em defesa de Lula. Em resposta ao tiroteio da oposição, ambos pediram apuração das denúncias e punição dos responsáveis, deixando claro, porém, que jamais Lula se envolveria num episódio dessa natureza para desestabilizar a candidatura de José Serra (PSDB) ao governo de São Paulo.

No ano passado, quando explodiu a denúncia do esquema financeiro montado pelo PT e o empresário Marcos Valério, o Planalto e os aliados do governo agiram para evitar que as acusações atingissem o presidente Lula, apesar do envolvimento do então chefe da Casa Civil, José Dirceu. Em meio às pressões, o ministro se afastou do cargo e depois teve cassado o seu mandato de deputado federal. A responsabilidade do valerioduto recaiu sobre dirigentes do PT, sobretudo do tesoureiro Delúbio Soares, o único do comando nacional que foi punido, sendo expulso do partido.

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