O café orgânico do distrito rural de Lerroville (distante 49 km ao sul de Londrina) tem gerado bons negócios aos produtores e grandes frutos aos seus filhos. Além de exportar os grãos para a Europa, os cafeicultores ainda conseguiram que o distrito fosse escolhido pelo Conselho de Exportadores de Café do Brasil (Cecafé) para participar do projeto ?Criança do Café na Escola?. Os benefícios dessa conquista atingem uma área que ainda parece distante da comunidade do campo: a informática. Hoje (dia 8), às 10h30, a Escola Municipal Professor Bento Munhoz da Rocha Neto, localizada no distrito, recebe da entidade um laboratório completo equipado com 10 computadores que serão utilizados pelos alunos e até pela comunidade nos fins de semana. A escola fica na rua Santos, 235.

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Segundo o presidente da Associação de Desenvolvimento Tecnológico de Londrina (Adetec), Florindo Dalberto, essa escola foi selecionada porque está localizada em uma área de produção de café orgânico para exportação, o que vai ao encontro das exigências do projeto. ?Nós enviamos uma proposta e eles aceitaram. As condições daqui possibilitaram que isso acontecesse?, disse Dalberto, lembrando que a Adetec ficou responsável pela coordenação de todo o processo de implantação do laboratório e da formação de instrutores.

O projeto desenvolvido pelo conselho dos exportadores de café, que estimula e investe na responsabilidade social, já beneficiou escolas rurais de quatro Estados produtores dos grãos: Minas Gerais (Guaxupé e Varginha), São Paulo (Espírito Santo do Pinhal), Bahia (Barra do Choça) e Rio de Janeiro  (Varre Sai). A escola de Londrina vai receber, como as outras, 10 computadores, softwares aplicativos, móveis e treinamento de instrutores. ?A única coisa que vai faltar é a banda larga para acesso à internet. Mas, por enquanto, ainda não é possível na área rural.?

A oportunidade de ser uma das regiões beneficiadas foi articulada pela Associação de Desenvolvimento de Londrina, mas outra entidade ainda atuou no processo. A Cooperativa Agroindustrial de Lerroville (Coasol) participou do processo de levantamento das características da região para que fossem enviadas ao projeto. ?Ficamos sabendo pelo Florindo [Dalberto] que havia esse projeto e que Lerroville poderia ser beneficiado porque atendia aos pré-requisitos do Cecafé. Depois, ele levou a idéia para a entidade e conseguimos o laboratório?, afirmou o presidente da Coasol, Fábio Gonçalves dos Anjos. Para ele, a oportunidade que os filhos de produtores terão de entrar em contato com a informática representa um grande passo do distrito. ?Dificilmente esses jovens teriam condições de ter acesso a esses equipamentos se não fosse pelo projeto. A zona rural vai ter chance de entrar em contato com ?outro mundo? em segundos.?

A satisfação dos alunos e de toda a comunidade de Lerroville já pode ser observada, segundo o diretor da escola municipal Bento Munhoz, Renilson Machado do Nascimento. ?Eles estão felizes demais. Em uma pesquisa que fizemos aqui na escola constatamos que 95% dos alunos nunca chegaram a ligar um computador. As crianças não vêem a hora de os computadores chegarem. Eles dizem: ?será que a gente vai conseguir aprender tudo bem rápido??.

Conforme o diretor da escola, após treinamento de professores, que deve ocorrer no início do próximo ano, o cronograma de utilização do laboratório de informática será planejado. Os docentes serão responsáveis pela coordenação de todas as atividades disciplinares. ?O professor terá total liberdade para levar o aluno e utilizar os computadores como ferramenta de ensino.? Segundo Nascimento, a comunidade ainda poderá fazer uso dos equipamentos nos finais de semana.

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