Uma agressiva campanha desenvolvida na reta final deu a Londres a sede dos Jogos Olímpicos de 2012, para desgosto e contra todos os prognósticos que indicavam Paris como favorita. Na 117ª assembléia do COI, nesta quarta-feira, em Cingapura, depois que Moscou, Nova York e Madri foram eliminadas nas primeiras três rodadas, Londres venceu Paris por 54 votos a 50. E será a primeira cidade da história a receber três edições de Jogos Olímpicos (antes, foi sede em 1908 e 1948), desta vez ao custo de US$ 2,46 bilhões. A Trafalgar Square, praça no centro da capital londrina, se encheu de balões e bandeiras e foi tomada por uma multidão que comemorou a vitória com muita música.
Londres, sempre superada por Paris e até por Madri nas avaliações prévias do COI, teve o respaldo do primeiro-minsitro Tony Blair e a coordenação do ex-atleta Sebastian Coe (campeão olímpico dos 1.500 metros, em 1980 e 1984). Coe assumiu a campanha em maio de 2004, no lugar de Barbara Cassani, após uma nota 7 numa visita de avaliação contra um 8,5 de Paris.
O projeto de Londres está muito cru – a cidade ainda terá de construir o parque olímpico (revitalizando uma área degradada do Leste da cidade), incluindo um estádio para 80 mil pessoas, e melhorar a rede de transportes.
O presidente do Comitê Olímpico Brasileiro, Carlos Arthur Nuzman, disse que "a candidatura de Londres apresentou um excelente dossiê, fez uma excelente campanha, capitaneada na parte política pelo primeiro-ministro Blair e na parte esportiva por Coe".
O dirigente brasileiro não revelou seu voto, mas acrescentou que, além de apoio político, Londres tem garantia financeira.
"É um dia histórico. Teremos a oportunidade de desenvolver o esporte em nosso país e de celebrar Jogos formidáveis", disse Blair, que passou dois dias em Cingapura conversando com delegados do COI, mas nesta quarta-feira estava em Gleneagles, na Escócia, para a reunião do G-8 (que reúne os sete países mais ricos do mundo e a Rússia).
No hotel, Blair acompanhou a cerimônia pela TV – deixou a sala antes do anúncio por ansiedade. "Muita gente reconhece que nossa capital é a maior do mundo. Mas Paris também tinha uma forte candidatura", disse o primeiro-ministro.
Paris saiu derrotada pela terceira vez – já havia perdido para Barcelona, em 1992, e Pequim, em 2008. Os dirigentes franceses insinuaram que não houve ética na campanha londrina. A desilusão foi maior do que há quatro anos, quando Paris foi eliminada na segunda rodada. A cidade chegou como favorita a Cingapura e apostou na presença do presidente Chirac, mas nada disso foi suficiente.