Imagine uma estação de metrô. Concreto, concreto e mais concreto. Pois é ele que emoldura o loft da arquiteta alemã Sabine Mühlbauer, 42 anos. Só que ela não precisa pegar transporte para ir ao trabalho; afinal, sua casa fica dentro do galpão de 700 metros quadrados que serve de fábrica e escritório da empresa de design Morgen. Longe de ser monótono, o espaço é pontuado por obras de arte e mobiliário moderno, tingindo de cores pop o espaço minimalista – bem de acordo, a propósito, com o bairro industrial da zona leste de Frankfurt, na Alemanha. É no primeiro andar do galpão que Sabine vive com os filhos, a um lance de escadas do escritório.

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"É mais prático abolir as distâncias", diz a mãe de Lino, 8 anos e Luke, 6. "Nos séculos 19 e 20, os artesãos tinham essa tradição de reunir trabalho e família em uma única casa". Quando se mudou para o loft há sete anos, Sabine reformou o espaço, tirou o carpete e o forro e ainda derrubou paredes para obter claridade. Na época, a adaptação aconteceu em nome do baixo custo. Mas hoje o local reflete a filosofia de vida da arquiteta.

A maior parte do mobiliário segue, claro, o ideário da Morgen. Leva essa assinatura a maioria das mesas e as estantes que forram as paredes. São peças originárias de chapas de compensado que costumam ser usadas para moldar colunas de concreto na construção civil.

Espaço aberto

Também há um trio de cadeiras na sala que foi resgatado por Sabine pouco antes de ir parar no lixo. "Tudo é possível em decoração", garante. Nomes do design italiano também se fazem presentes neste endereço, como a poltrona desenhada por Patricia Urgiola para a Moroso e a mesa do living, da Cappellini. Ornamentos: o tapete colorido trazido do Marrocos, na sala, algumas telas e os brinquedos infantis espalhados aqui e ali. "Às vezes, gostaria de ter certa privacidade com salas separadas mas, no final, é melhor contar com um espaço amplo e aberto", diz.

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Quem olha de cima para baixo repara um dos detalhes especiais desta morada: o piso, desgastado, é feito com as mesmas chapas de madeira compensada usadas nos móveis Morgen. "Está bem usado, mas sinto-me jovem tendo esse tipo de elemento em casa", revela a arquiteta.

A arte é fonte de inspiração para a arquiteta e seu sócio na Morgen, o artista plástico (e especialista em marcenaria) Thomas Tritsch. "Recentemente criamos um aparador influenciado por Giacometti", empolga-se Sabine, a respeito do genial artista plástico e escultor. Exemplos dessa relação de amor estão por todo o loft: logo na entrada, perto do elevador, há uma tela do americano Mike Kelly, um dos artistas prediletos da dupla.

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Quase como um álbum, as paredes expõem fotos assinadas por artistas alemães, outras, dos filhos (e amigos) de Sabine… E também pôsteres dos shows de rock, jazz e blues que ela e o sócio promovem no piso abaixo da fábrica – uma galeria, no subsolo, que também serve de palco de exposições de arte e festas. Um teto capaz de abrigar família, trabalho, arte e muita diversão. (AE)