Brasília (AE) – Suspeito de participar de irregularidades na Operação Vampiro e no escândalo dos Correios, o lobista Francisco Honorato poderá complicar a situação política do tesoureiro nacional do PT, Delúbio Soares. Num depoimento à Polícia Federal (PF), em 25 de maio de 2004, Honorato disse que "ouviu comentários que o senhor Laerte de Arruda Correia Júnior teria a autorização do senhor Delúbio Soares, tesoureiro do PT, para solicitar dinheiro das empresas farmacêuticas e intermediar interesses dessas empresas junto ao Ministério da Saúde".
Arruda era um dos principais assessores do ministro da Saúde, Humberto Costa, e é acusado de, supostamente, participar de irregularidades no ministério. O nome de Laerte não aparece até agora nas investigações do escândalo dos Correios. Mas o de Honorato é investigado. Ele é ligado a outro lobista, Romeu Amorim.
Na sexta-feira (20), o juiz Cloves Barbosa de Siqueira, da 10.ª Vara Federal, devolveu aos procuradores Gustavo Pessanha Veloso e Adriana Costa Breckes o processo em que figuram como réus 20 envolvidos com os desvios no Ministério da Saúde, entre eles três homens que formam o elo entre a máfia do sangue, os Correios e suposto esquema de arrecadação para campanhas eleitorais supostamente capitaneado por Delúbio.
Na residência de Amorim, representante da empresa Multi Brasil – que fez vendas suspeitas para o Exército -, foi encontrada resposta a uma carta-convite dos Correios antes mesmo de a licitação ter sido anunciada.
As revelações, colhidas pelo delegado Rafael de Oliveira partiram do lobista Honorato, consultor da ABC Data, ligada à máfia do sangue, que pertence a Jaisler Jabour de Alvarenga e que teria funcionado como lavanderia do esquema. Honorato detalha o esquema de fraudes pede sua inclusão no programa de proteção de testemunhas. Conta que teria ouvido de Jabour que qualquer negócio jurídico no governo só passava com o crivo de Laerte de Arruda Correia Júnior. Segundo o lobista, Laerte se passava por personalidade influente no governo e dizia que propinas arrecadadas seriam usadas em campanhas eleitorais do PT.
Honorato diz que Laerte teria recebido propinas por facilitar negócios de dois laboratórios, o Biobrás (Novo Nordisk) e o Octopharma, que venderam insulina, hemoderivados e outros tipos de medicamentos ao Ministério da Saúde. Ele afirmou que numa das conversas Jabour, que representou o Octopharma, chegou a desabafar que "não agüentava mais" as pressões de Laerte.