As baías do litoral do Paraná vão receber cerca de 2 milhões de alevinos de robalo peva, como parte do projeto de repovoamento do litoral do Estado com a espécie. Serão distribuídos 1 milhão de alevinos no primeiro semestre e a mesma quantidade no segundo. O projeto de R$ 830 mil conta com recursos do Fundo Paraná, vinculado à Secretaria da Ciência, Tecnologia e Ensino Superior.
Dez áreas do litoral serão beneficiadas com a distribuição. Três na Baía de Paranaguá, três na de Guaratuba, duas em Guaraqueçaba e outras duas na Baía de Antonina. O presidente da Fundação Terra, Lúcio Tadeu de Araújo, afirmou que as áreas foram selecionadas em função dos diagnóticos ambientais, como correntes marinhas, temperatura ambiental da água, Ph, salinidade e outros. ?Para selecionar as áreas, foram levados em conta os parâmetros físicos, químicos e biológicos da água?, disse.
Segundo Araújo, para se fazer a escolha, também foram levadas em consideração a participação efetiva e a receptividade das comunidades locais. ?É preciso que haja colaboração das comunidades. Os moradores não podem fazer pesca predatória após o repovoamento. Por isso, a comunidade deve atuar como fiscal do projeto?, ressaltou.
Produção
Além do repovoamento, o projeto tem como objetivo desenvolver tecnologia de produção de alevinos de robalo peva em alta escala. A tecnologia será transferida para os técnicos do sistema estadual de Agricultura e universidades do Estado. ?O Centro de Produção e Propagação de Organismos Marinhos (CPPOM), da PUC-PR (Pontifícia Universidade Católica), está sendo equipado para absorver toda essa tecnologia com vista à reprodução, em nosso Estado, dessa espécie?, lembrou o presidente da Fundação Terra.
O projeto envolve alevinos de robalo peva entre 2,5 e 5,0 centímetros.A produção deles desenvolveu-se através de contrato entre a Fundação Terra e a Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC). ?O Laboratório de Piscicultura Marinha (Lapmar), da UFSC, é referência na tecnologia de reprodução do robalo em laboratório?, destacou Araújo.
As matrizes, machos e fêmeas, são oriundas do Paraná. Cumprindo determinação do Ibama, as matrizes deverão garantir a variabilidade genética. Também, devem ser oriundas das áreas que deverão ser repovoadas.
O coordenador do Comitê Técnico e Temático da Pesca e Aqüicultura (CTTPA), Luiz de Souza Viana, lembrou que será criado um banco de dados, onde serão feitos os marcadores de DNA dessas matrizes. Isso para que, no futuro, seja possível saber se o peixe capturado é ou não procedente dessas matrizes. ?A iniciativa vai nos trazer muitas informações quanto ao robalo, como índices de sobrevivência, crescimento, produção, migração, captura e outras?, comentou.
Projeto
O projeto de repovoamento do litoral com a espécie começou a ser discutido em setembro de 2003. Atualmente, ele é um dos 17 projetos desenvolvidos pelo Governo do Estado em apoio à aqüicultura e à pesca. Eles fazem parte do Programa de Desenvolvimento e Pesquisa da Secretaria da Ciência e Tecnlogia. São nove projetos no litoral e outros oito em águas doces, no interior do Estado.
Antes de serem aprovados, os projetos são analisados pelo Comitê Técnico e Temático a Pesca e Aqüicultura (CTTPA), vinculado à Secretaria da Ciência e Tecnologia, composto por membros da Secretaria da Agricultura, Emater e Universidade Estadual de Londrina (UEL).
Além da Fundação Terra, PUC-PR e UFSC, participam do projeto de repovoamento do litoral do Estado com robalo peva a Emater, a Prefeitura de Paranaguá e colônias de pescadores.